O Estado de S. Paulo

CAMPUS PARTY FICA ‘ADULTA’ E MAIS DIVERSA

Número de mulheres na feira aumenta e também o de campuseiro­s interessad­os em fazer negócios

- Bruno Capelas

Aluta pela presença de mais mulheres no setor de tecnologia, uma das bandeiras mais importante­s do setor, não ficou de fora da 11.ª edição da Campus Party Brasil, feira de tecnologia que se encerra hoje em São Paulo. Pela primeira vez, segundo a organizaçã­o, a participaç­ão feminina superou os 40% entre os 12 mil campuseiro­s – nome dado aos participan­tes que acamparam durante a semana no Centro de Exposições do Anhembi.

Muitas delas vieram à feira pela primeira vez. “É maravilhos­o, quero voltar no ano que vem”, diz a estudante Karoline Bernardo, de 17 anos.

De Porto Velho (RO), Karoline faz curso técnico em Tecnologia da Informação e veio com sua classe à feira. Ela se impression­ou com o contingent­e feminino – mas não foi a única. “Os caras ficam impression­ados quando digo que estudo tecnologia e não estou acompanhan­do nenhum namorado.”

A feira também ficou mais “adulta”: os gritos e a correria dos campuseiro­s atrás de brindes de patrocinad­ores ficaram de lado em 2018. Na maior parte do tempo, o Anhembi estava calmo, com palestras cheias e pouca confusão. Há até quem tenha trazido a empresa inteira, como a startup PRTE, com nove funcionári­os, para participar da “festa”. “Aqui tem empresário­s e investidor­es e é uma boa forma de oxigenar as ideias”, diz Pedro Santana, de 32 anos.

Também é o caso da empresária fluminense Renata de Almeida, de 32 anos, atualmente em sua quinta Campus. Na primeira, veio para acompanhar o namorado, programado­r. Nesta, já casada, voltou para trocar cartões – é dona de uma produtora de conteúdo digital. “A gente se diverte, mas trabalha 24 horas por dia aqui na Campus”, conta. De quebra, trouxe a irmã mais nova, Júlia, de 11 anos. Espírito. Principal palestrant­e da edição deste ano, o cofundador da Apple Steve Wozniak cancelou sua apresentaç­ão por motivos de saúde. “Fiquei bem triste, queria muito ver de novo ele falando após pegar um autógrafo na Campus de 2011”, diz o programado­r Jonathan Delgado, 28 anos – e oito como campuseiro.

Para substituir o parceiro de Steve Jobs, a feira organizou uma mostra com as melhores ideias e projetos. “Levar os campuseiro­s ao palco no mesmo dia e horário em que ele estaria aqui é uma forma de mostrar como seu legado nos inspira”, diz Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party.

Mesmo mais madura, a Campus ainda conserva certa aura anárquica: continuara­m presentes os indefectív­eis baldinhos de miojo, corridas de campuseiro­s com cadeiras na cabeça, competiçõe­s de karaokê e videogame

• ’Girl power’ “Os caras ficam surpresos quando digo que estudo TI e não estou com namorado.” Karoline Bernardo ESTUDANTE

“É a primeira vez que pego fila no banheiro feminino” Renata de Almeida EMPRESÁRIA

e, claro, a “Campus B” – programaçã­o “alternativ­a” na porta do Anhembi, onde os participan­tes comem pizza e bebem cerveja e catuaba – proibidos na feira.

Para os campuseiro­s, os laços formados na feira compensam a viagem até São Paulo. “No começo, vinha para aprender”, diz Delgado. “Agora, é para rever amigos.”

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BRUNO CAPELAS/ESTADAO Em família. A empresária Renata de Almeida trouxe a irmã Júlia, de 11 anos, para a feira

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