O Estado de S. Paulo

É importante perceber que carreiras também precisam ‘amazonar-se’

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O aviso não poderia ser mais claro. Depois que as empresas “tech” capturaram 42% do cresciment­o de valor no mercado americano de ações, nos últimos três anos, uma palavra nova se consolidou no jargão corporativ­o: “amazonarse”. Ou seja, empresas devem ter um jeito Amazon de ser. A The Economist explicou o neologismo. Entre as 20 maiores empresas não techs americanas (desde o Walmart, até a GM ou Disney), 14 delas passaram a ter “dimensão digital de suas estratégia­s”. Toda iniciativa destas empresas envolve e-commerce, big data e inteligênc­ia artificial.

Exemplo: o Walmart adotou venda on line e comprou a Jet.com, empresa de e-commerce. A GM comprou a Lift, de compartilh­amento de viagens. A Disney, frente a ameaça da Netflix, fez seu próprio streaming e marcou data para distribuir seus filmes só por ele.

O problema é a velocidade desse “amazonar-se”. Em dezembro, a rede de farmácias CVS pagou US$ 77 bilhões pela Aetna, empresa de seguro de saúde, porque gigantes digitais vão entrar na área de remédios. O artigo está em www.economist.com/news/bu siness-and-finance/21733460co­nventional-firms-have-last-gsiness-and-finance/21733460co­nventional-firms-have-last-got-their-technology-act-together-2018-will-be-year

Será que o trabalho, ou melhor, o desenho das carreiras, não precisa prestar atenção ao que acontece com o capital? Recrutamen­to e seleção estão cada vez mais dominados pelo big data. É ele que aproxima a vontade dos talentos às necessidad­es das empresas. Essa fase já é fato. O importante é perceber que evolução profission­al também precisa ter “dimensão digital” em suas estratégia­s.

Em janeiro, na Feira Internacio­nal de Produtos Eletrônico­s de Consumo de Las Vegas, os assistente­s digitais fizeram muito sucesso. Matéria do Financial Times (de 9/1), assinada por Tim Bradshawn, mostrou a pressa das empresas em fechar parcerias com os assistente­s da Amazon e Google para a era da “internet das coisas”. Um diretor da concorrent­e Samsung, H S Kim, resumiu o papel do Bixby, o assistente digital da companhia: “Ele descobrirá o que você quer, antes de você sequer ter de pedir”.

Dimensão digital de carreiras talvez seja exatamente isso: descobrir o que o mercado quer antes de ele pedir. Não é o que o Bixby já faz?

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