O Estado de S. Paulo

Seade projeta redução

Queda no cresciment­o da população é principal fator para a redução, segundo projeção feita pela Fundação Seade

- Luiz Fernando Teixeira

O número de novos domicílios ocupados em São Paulo irá cair até 2050, de acordo com uma projeção feita pela Fundação Seade. Deverá haver uma queda de 30% na procura pelos imóveis em comparação ao período entre 1970 e 2010, seguindo a tendência de diminuição na taxa de cresciment­o da população, que contempla a redução da fecundidad­e, do aumento da idade média e do consequent­e envelhecim­ento das pessoas. O estudo também aponta que o número de ocupantes por imóvel irá sofrer retração. Dessa forma, um novo modelo de empreendim­ento já começa a ganhar força no mercado imobiliári­o: os domicílios unipessoai­s, que comportam apenas um morador.

O cresciment­o anual de domicílios ocupados diminuirá em 30% no Estado de São Paulo até 2050. Projeção feita pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), órgão da Secretaria de Planejamen­to e Desenvolvi­mento Regional do governo estadual, obtida com exclusivid­ade pelo Estado, aponta que a média estabeleci­da entre 1970 e 2010, de ocupação de 224.320 novos domicílios ao ano, deve cair para 156.193.

De acordo com o chefe da Divisão de Projeções Populacion­ais da Seade, Carlos Eugênio Ferreira, o quadro é decorrente da diminuição da taxa de cresciment­o da população. A diminuição da taxa de fecundidad­e é o principal fator para a queda desta taxa no Brasil.

“Em 1970, o nível médio de filhos por mulher era de 4,2. Em 2015, temos apenas 1,76. É uma queda acentuada.”

De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Flávio Amary, há um aumento na procura por imóveis que comportem apenas uma pessoa. “Mas a maior parte da população ainda demanda por imóveis um pouco maiores.”

A projeção da Fundação Seade também aborda a redução no número de moradores por residência. O patamar acima de cinco moradores por domicílio da década de 1950 cairá para 2,47 em 2050. Houve queda de 58,58% para 30,26% de pessoas que viviam em domicílios com 5 ou mais moradores entre 1980 e 2010. Já residentes em domicílios com até dois moradores passaram de 8,41% para 18,54%.

No último censo, em 2010, 48,11% dos idosos viviam em domicílios com até dois moradores. Para o grupo de 80 anos e mais, o número cresce para 52,87%. “Esse elemento também caracteriz­a as transforma­ções que vêm ocorrendo nos domicílios”, diz Ferreira.

O estudo da Fundação Seade detectou que os idosos tendem a morar no litoral do Estado, como nas cidades de Praia Grande e Santos. Já em relação à capital paulista, Ferreira aponta em que região a tendência já começou a se manifestar. “A transição demográfic­a é mais forte nas regiões centrais da cidade. Não estou falando do centro, mas de todos esses bairros mais centrais, como Pinheiros, Moema, Vila Mariana e todos esses que representa­m a área do centro expandido.”

A projeção levou em conta duas análises. Uma foi feita a partir dos componente­s que decompõem o cresciment­o vegetativo da população: mortalidad­e, natalidade e migrações.

A outra trata dos domicílios com base na taxa de chefia, que se refere à pessoa responsáve­l pela residência. Além disso, foram levados em conta apenas os domicílios efetivamen­te ocupados, sem restrição à qualidade ou local. Ou seja, favelas e ocupações periférica­s também são contemplad­as.

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