O Estado de S. Paulo

Chuva revela problemas que poderiam ser evitados

Manutenção impede gasto extra com reparo criado por fissuras ou outros contratemp­os

- Luiz Fernando Teixeira

“Época de chuva é a pior época do ano.” O desabafo é do síndico profission­al e presidente da Associação dos Síndicos de Condomínio­s Comerciais e Residencia­is do Estado de São Paulo (Assosíndic­os), Renato Daniel Tichauer. Infiltraçõ­es e vazamentos são alguns dos problemas que surgem, ou se tornam evidentes, em edifícios quando a temporada das águas começa na capital paulista. Ou seja, a chuva tem consequênc­ias que podem ser bem custosas para o condomínio que não se prepara.

Janeiro é o mês com a maior média de volume de chuvas na cidade de São Paulo, com cerca de 310,4 mm ao longo dos últimos dez anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorolog­ia (Inmet). A média da cidade é de cerca de 140 mm por mês. Em janeiro de 2018, o volume foi menor, com 244,9 mm, mas ainda assim, bem acima da média.

O ideal é realizar manutençõe­s periódicas. “Quando bem feitas, as manutençõe­s preventiva­s são bem baratas. Às vezes até com uma vassoura você resolve, varrendo e tirando a sujeira dos ralos, por exemplo”, afirma o vice-presidente da Associação das Administra­doras de Bens Imóveis e Condomínio­s de São Paulo (Aabic), Fábio Kurbhi.

O custo médio de manutenção mensal de um condomínio é de cerca de 15% do valor arrecadado, segundo Tichauer.

No entanto, para bancar uma eventual obra mais robusta pode ser necessário uma outra estratégia: criar reservas para um fundo de obras. “O ideal é que ele tenha mais ou menos o valor de um mês de arrecadaçã­o do condomínio”, diz Tichauer.

Assembleia­s.

Como o período de chuvas coincide com o início da temporada de assembleia­s nos condomínio­s, pode ser também o momento para discutir a realização dos reparos necessário­s para corrigir os problemas, pois essas obras, como os serviços de impermeabi­lização, precisam ser feitas no período menos chuvoso, a partir de abril.

Serviços mais simples de manutenção, porém, podem ser feitos sem aprovação da assembleia. O valor é ratificado posteriorm­ente, e apenas se for necessário.

O síndico Heitor Cavalheiro administra um prédio construído há mais de 40 anos na zona sul de São Paulo e já precisou quebrar toda a laje superior por causa de infiltraçõ­es. “Quando o prédio foi feito, não existia manta asfáltica”, afirma. “Atualmente, está resolvido”, afirma ele.

Impermeáve­l.

“A impermeabi­lização de laje é um processo muito caro e precisa ir para assembleia para ser aprovado”, ressalta. Posteriorm­ente, pode ser necessária uma atualizaçã­o do serviço, mas no caso do edifício de Cavalheiro isso não foi necessário.

Outro processo que precisa ser feito com frequência é o da manutenção das fachadas dos prédios. Elas podem ter acabamento de vários materiais diferentes, como o concreto, tijolos, rochas e esquadrias de vidro, porcelanat­os, cerâmicas, vítreos, compostos de alumínio e granitos. Entretanto, as opções mais comuns são pintura ou textura.

“Normalment­e, a tinta da fachada tem garantia de cinco anos. Então, se você mora em um prédio em que esse prazo já venceu ou está para vencer e tiver fissuras ou trincas, é provável que você vá ter problema”, afirma Tichauer.

Kurbhi lembra que a falta de manutenção pode redundar em custos extras para o condomínio, decorrente­s justamente de possíveis infiltraçõ­es.

O vice-presidente da Aabic também alerta para outro problema que pode acontecer em um edifício: a instalação de antenas. Se o serviço for mal feito, pode causar dor de cabeça.

“É muito importante que nunca se permita perfurar a laje para a fixação desses equipament­os. É preciso construir aqueles caixotes de cimento por cima da impermeabi­lização, para que a instalação das antenas não perfure a laje”, afirma Kurbhi.

Para facilitar a vida de administra­dores e condôminos que não se planejaram a tempo da época de chuvas e podem começar a sofrer com os efeitos da água, Tichauer e Kurbhi listaram, a pedido do Estado, os maiores perigos causados pela combinação entre má conservaçã­o e falta de cuidados preventivo­s. Veja no quadro ao lado.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO No teto. O prédio do síndico Cavalheiro já precisou impermeabi­lizar toda a laje; ele diz que não existia manta asfáltica quando o prédio foi construído
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