Desde a prancheta. Por que não?
As incorporadoras já estão adotando o sistema BIM (Building Information Modeling) para tornar seus projetos mais completos e sustentáveis para a construção e longevidade dos imóveis.
O conceito procura tornar viável um formato arquitetônico que possa evitar, com o passar do tempo, as múltiplas interferências que se tornam necessárias quando surgem as inevitáveis lacunas na vida desses imóveis, sejam comerciais ou residenciais.
Essas lacunas podem ser de múltiplas origens. Como exemplo, poderiam derivar da ausência de um ou muitos instrumentos num arranjo de orquestra, o que caracterizaria assim um defeito na concepção da peça musical.
O futuro imóvel poderá ter problemas de segurança, ventilação, equilíbrio térmico, equilíbrio acústico, sustentabilidade ou em qualquer outra área não assistida quando no desenvolvimento do projeto na prancheta. Como em todas as demais áreas, a administradora do futuro condomínio vai precisar também participar, compartilhando sua expertise na hora de especificar , por exemplo, a altura correta dos muros, posição da guarita, desenho das rampas, acessibilidade, áreas de lazer e outras. Estamos falando de um trabalho compartilhado por especialistas em todas as áreas envolvidas no projeto, desde o seu início.
À frente.
Ao estudarmos o conceito BIM chegamos à conclusão de que as administradoras saíram na frente. Ao longo dos últimos anos, temos insistido na necessidade de fazer tudo desde o primeiro momento. E a razão é a mesma do BIM: as interferências custam caro, podem ser incompatíveis com a economia de recursos e podem, até mesmo, desmoralizar o projeto.
Latu senso, estamos falando de previsão, que significa criatividade em seu mais alto grau. O mundo precisa de criatividade. O dom da previsão não é para todos, mas o trabalho compartilhado desde a prancheta pode fazer milagres.
As administradoras aprenderam na prática, lidando com as dificuldades do dia a dia nos condomínios. É uma experiência pioneira, porque esse tipo de moradia é um fato relativamente recente em nossa história urbana.
É um aprendizado que ainda está em curso e que ninguém pode ainda dizer quando vai terminar. Provavelmente não terminará nunca porque a história não termina. Seja nos condomínios ou fora deles, nosso pensamento está mudando, a família está mudando, o DNA está mudando. A mutação jamais termina, e isso não é um trocadilho.
Previsão.
Para lidar com esse mundo mutante, a virtude da previsão passa a ser um requisito imprescindível e tem o valor de um arcano. O BIM fala em “olhar holístico” e é exatamente isso que o olhar tem de ser.
“Desde a prancheta”, passou a ser, para algumas administradoras de conjuntos residenciais ou comerciais, a única condição de garantir um mínimo de perfeição quando o condomínio começa a funcionar. “Tudo foi previsto desde a prancheta”, poderia ser uma chamada no folheto de lançamento e no marketing do imóvel.