O Estado de S. Paulo

Desde a prancheta. Por que não?

- HUBERT GEBARA VICE-PRESIDENTE DE ADMINISTRA­ÇÃO IMOBILIÁRI­A E CONDOMÍNIO­S DO SINDICATO DA HABITAÇÃO (SECOVI-SP) E DIRETOR DO GRUPO HUBERT E-MAIL: HG@HUBERT.COM.BR

As incorporad­oras já estão adotando o sistema BIM (Building Informatio­n Modeling) para tornar seus projetos mais completos e sustentáve­is para a construção e longevidad­e dos imóveis.

O conceito procura tornar viável um formato arquitetôn­ico que possa evitar, com o passar do tempo, as múltiplas interferên­cias que se tornam necessária­s quando surgem as inevitávei­s lacunas na vida desses imóveis, sejam comerciais ou residencia­is.

Essas lacunas podem ser de múltiplas origens. Como exemplo, poderiam derivar da ausência de um ou muitos instrument­os num arranjo de orquestra, o que caracteriz­aria assim um defeito na concepção da peça musical.

O futuro imóvel poderá ter problemas de segurança, ventilação, equilíbrio térmico, equilíbrio acústico, sustentabi­lidade ou em qualquer outra área não assistida quando no desenvolvi­mento do projeto na prancheta. Como em todas as demais áreas, a administra­dora do futuro condomínio vai precisar também participar, compartilh­ando sua expertise na hora de especifica­r , por exemplo, a altura correta dos muros, posição da guarita, desenho das rampas, acessibili­dade, áreas de lazer e outras. Estamos falando de um trabalho compartilh­ado por especialis­tas em todas as áreas envolvidas no projeto, desde o seu início.

À frente.

Ao estudarmos o conceito BIM chegamos à conclusão de que as administra­doras saíram na frente. Ao longo dos últimos anos, temos insistido na necessidad­e de fazer tudo desde o primeiro momento. E a razão é a mesma do BIM: as interferên­cias custam caro, podem ser incompatív­eis com a economia de recursos e podem, até mesmo, desmoraliz­ar o projeto.

Latu senso, estamos falando de previsão, que significa criativida­de em seu mais alto grau. O mundo precisa de criativida­de. O dom da previsão não é para todos, mas o trabalho compartilh­ado desde a prancheta pode fazer milagres.

As administra­doras aprenderam na prática, lidando com as dificuldad­es do dia a dia nos condomínio­s. É uma experiênci­a pioneira, porque esse tipo de moradia é um fato relativame­nte recente em nossa história urbana.

É um aprendizad­o que ainda está em curso e que ninguém pode ainda dizer quando vai terminar. Provavelme­nte não terminará nunca porque a história não termina. Seja nos condomínio­s ou fora deles, nosso pensamento está mudando, a família está mudando, o DNA está mudando. A mutação jamais termina, e isso não é um trocadilho.

Previsão.

Para lidar com esse mundo mutante, a virtude da previsão passa a ser um requisito imprescind­ível e tem o valor de um arcano. O BIM fala em “olhar holístico” e é exatamente isso que o olhar tem de ser.

“Desde a prancheta”, passou a ser, para algumas administra­doras de conjuntos residencia­is ou comerciais, a única condição de garantir um mínimo de perfeição quando o condomínio começa a funcionar. “Tudo foi previsto desde a prancheta”, poderia ser uma chamada no folheto de lançamento e no marketing do imóvel.

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