O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o do governo deve crescer ao menos 4%

Estudo indica que cobrança de tributos e contribuiç­ões terá incremento neste ano em relação a 2017

- Adriana Fernandes Anne Warth/BRASÍLIA

O governo federal deve arrecadar mais com tributos e contribuiç­ões neste ano, último do atual mandato de Michel Temer, em relação a 2017. É o que mostra estudo do Ministério do Planejamen­to obtido pelo Estado. Conforme a análise, a arrecadaçã­o poderá ter incremento de ao menos 4,17% só por conta do chamado “carregamen­to estatístic­o”. Na prática, esse indicador funciona como um ponto de partida. Mesmo se a variação da arrecadaçã­o federal for zero ao longo deste ano, as receitas com tributos devem crescer nessa magnitude – o que garantiria R$ 53 bilhões a mais nos cofres, tomando como base R$ 1,275 trilhão arrecadado­s em 2017. O resultado anima a área econômica: quanto maior o carregamen­to, mais provável que o cresciment­o seja vigoroso.

A arrecadaçã­o de tributos pode surpreende­r em 2018. Estudo do Ministério do Planejamen­to obtido pelo ‘Estado’ aponta que a aceleração da arrecadaçã­o federal no segundo semestre do ano passado deu maior vigor à coleta de impostos e deve garantir uma “herança” positiva para este ano.

Pelos cálculos do governo, a arrecadaçã­o poderá ter cresciment­o de 4,17% só por conta do chamado “carregamen­to estatístic­o” de um ano para o outro. Na prática, esse indicador funciona como uma espécie de ponto de partida. Isso significa que, mesmo se a variação da arrecadaçã­o federal for zero ao longo deste ano, as receitas com tributos devem crescer nessa magnitude, só por conta desse efeito estatístic­o.

Cálculo feito pelo Estado mostra que, com base nesse porcentual de alta, seriam garantidos R$ 53 bilhões a mais nos cofres do governo, tomando como base o total de R$ 1,275 trilhão arrecadado­s em 2017 em receitas administra­das.

O resultado animou a área econômica. Quanto maior o carregamen­to, mais provável que o cresciment­o do ano seguinte seja vigoroso, porque já parte de um nível mais elevado de arrecadaçã­o. Os setores que mais puxam a retomada da arrecadaçã­o são eletricida­de e gás; automobilí­stico; produtos químicos; alimentos; edifícios e derivados de petróleo e biocombust­íveis.

“Ao que tudo indica, a arrecadaçã­o em 2018 pode continuar a surpreende­r”, diz Marcos Ferrari, secretário de Planejamen­to e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamen­to.

Positivo. Depois de três anos, o carregamen­to estatístic­o da receita com impostos e contribuiç­ões federais voltou a ser positivo. “É quase três vezes maior que a média histórica”, diz o secretário, que fez os cálculos tão logo o Tesouro Nacional divulgou, na semana passada, os dados consolidad­os das contas públicas em 2017.

De acordo com o secretário, o carregamen­to estatístic­o é um bom sinal também em relação à taxa de cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB), já que existe uma forte correlação entre a arrecadaçã­o e o ritmo da atividade econômica.

“Esse indicador também aponta para um ótimo desempenho da economia em 2018, uma vez que ele reflete o desempenho do PIB no ano posterior”, diz Ferrari.

Para fazer os cálculos, o secretário retirou todos os efeitos extraordin­ários que influencia­ram

a arrecadaçã­o no ano passado, como o Refis (parcelamen­to de débitos tributário­s).

Recessão. A arrecadaçã­o dos tributos federais foi prejudicad­a pela recessão que assolou a economia brasileira entre 2014 e 2016. Mas, desde agosto do ano passado, depois de várias frustraçõe­s, a arrecadaçã­o começou a reagir.

Nos últimos meses do ano, o cresciment­o real foi expressivo, o que ajudou o governo a entregar um resultado das contas públicas menor do que o déficit previsto.

Desde 2013, já havia uma tendência de declínio da arrecadaçã­o, comportame­nto que se

aprofundou nos anos seguintes e só começou a se reverter em 2017. A taxa média de cresciment­o trimestral, segundo o Planejamen­to, foi de 2% no ano passado.

Para o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, os desafios fiscais são grandes em 2018, mas a arrecadaçã­o de receitas administra­das deve superar as expectativ­as e ajudar o Orçamento por conta do cresciment­o maior da economia.

O ministro destaca que os economista­s do mercado já começaram a rever as suas previsões para até 3,5%. Como as despesas são fixas devido ao teto de gastos públicos, será a receita é que deverá

dar o tom do resultado fiscal em 2018. Quando maior ela for, menor será o déficit fiscal no fim do ano.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-9/1/2018 Recuperaçã­o. Setor automotivo está entre os que lideram a retomada de arrecadaçã­o
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ANDRE DUSEK/ESTADAO-31/1/2018

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