O Estado de S. Paulo

Votos do Norte e Centro-Oeste vão superar os do Sul do País

Eleitorado. Regiões apresentam cresciment­o populacion­al mais acelerado nos últimos anos; já os Estados sulistas vivem processo mais rápido de envelhecim­ento da população

- Daniel Bramatti Cecília do Lago

Área com cresciment­o populacion­al mais acelerado, o eixo formado pelas regiões Norte e Centro-Oeste deve superar pela primeira vez o Sul, em número de votos, na eleição deste ano, segundo projeção do Estadão Dados. A explicação está nas maiores taxas de natalidade e mais migrantes. Já o Sul passa por um rápido processo de envelhecim­ento, o que se traduz em maior abstenção.

Ainda não se sabe se os brasileiro­s vão pender para a direita, a esquerda ou o centro nas próximas eleições, mas uma coisa é certa: o eleitorado vai se deslocar para o norte e para o oeste. Área com cresciment­o populacion­al mais acelerado nos últimos anos, o eixo formado pelas regiões Norte e Centro-Oeste deve superar pela primeira vez o Sul, em número de votos, na eleição deste ano, segundo projeção do Estadão Dados.

Se a virada no tabuleiro eleitoral não ocorrer já em 2018, é inevitável que aconteça pouco depois. A tendência de virada se deve a uma combinação de fatores: as partes de cima e da esquerda do mapa brasileiro têm maiores taxas de natalidade e recebem mais migrantes.

Já os Estados do Sul passam por um processo mais rápido de envelhecim­ento da população, o que se traduz em maior abstenção, já que o voto deixa de ser obrigatóri­o para quem tem mais de 70 anos. Os idosos com mais de 65 anos são 10,3% da população sulista – entre os nortistas, a taxa cai pela metade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a.

As variações paulatinas na composição da população brasileira também têm elevado o peso eleitoral do Nordeste e reduzido o do Sudeste, mas em velocidade mais baixa que nas demais regiões.

Até recentemen­te, as mudanças demográfic­as vinham benefician­do o PT. Nas duas décadas encerradas em 2014, o número de eleitores presentes (desconside­rada a abstenção) aumentou 51% em 15 Estados considerad­os redutos petistas, onde o partido venceu todas as últimas três disputas presidenci­ais. Já em sete redutos do PSDB, o aumento foi bem menor: 40%.

Se os porcentuai­s de votos obtidos em cada Estado por Dilma Rousseff no segundo turno de 2014 fossem calculados com a distribuiç­ão populacion­al de duas décadas antes, sua vitória sobre o tucano Aécio Neves teria sido mais apertada. A vantagem teria sido de 2,3 milhões de votos, em vez de 3,5 milhões.

Tendência. Em eleições passadas, candidatos a presidente do PT tiveram votação mais concentrad­a no Norte e no Nordeste, onde programas sociais beneficiam uma parcela mais abrangente da população, enquanto tucanos tiveram desempenho melhor no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste.

Não há como prever se essa tendência se manterá em 2018, dada a incerta participaç­ão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de outubro e o fraco desempenho de outros nomes petistas nas pesquisas até o momento.

Os levantamen­tos tampouco projetam, por enquanto, uma polarizaçã­o entre PT e PSDB na próxima disputa. Se essa divisão não ocorrer, será um quadro diferente do observado em todas as eleições dos últimos 24 anos.

Entre 1998 e 2014, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná tiveram cresciment­o médio de apenas 27% no comparecim­ento

às urnas. No mesmo período, o número de votantes aumentou 66% na área abrangida pelo Norte e Centro-Oeste.

Em números absolutos, a vantagem do Sul sobre o NorteCentr­o-Oeste caiu de 3,5 milhões de eleitores em 1998 para apenas 600 mil em 2014 – redução de 2,9 milhões. É como se, nesse período, três cidades do

porte de Porto Alegre, Curitiba e Florianópo­lis tivessem brotado no Cerrado ou na Amazônia.

Maior cresciment­o. Entre as duas regiões que mais crescem, é o Norte que se destaca mais. A região formada por Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins ultrapasso­u em 2009 o Centro-Oeste

no ranking do eleitorado, e segue se distancian­do.

Na lista de unidades da Federação que mais tiveram aumento de eleitorado em eleições nas duas últimas décadas, Estados da região Norte ocupam as cinco primeiras posições. No outro extremo, os três Estados do Sul estão entre os últimos seis colocados.

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