O Estado de S. Paulo

Mauro Cezar Pereira

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Crise no Chelsea entre técnico e atletas sinaliza que o São Paulo precisa ser hábil na gestão.

Tem português, argentino, belga, polonês, alemão, espanhol, italiano, dinamarquê­s, brasileiro, galês, francês, nigeriano, americano, escocês, colombiano e até inglês no elenco do Chelsea. Mas o técnico, oriundo da Itália, brigou com um jogador que nasceu no Brasil e se naturalizo­u para defender a Espanha. A partir daí, o campeão da Premier League mergulhou na crise da qual não consegue sair. Pelo contrário, ela se acentuou com o afastament­o do brasileiro que é um dos líderes do grupo, isso depois que dois russos ficaram enfurecido­s com o treinador pela dispensa do artilheiro hispano-brasileiro.

Justamente o dono do clube e seu braço direito, a diretora e manda-chuva, que viu ir para o espaço a chance de vender o goleador por uma cifra estratosfé­rica, que seria paga por chineses.

Em suma, Antonio Conte mandou Diego Costa embora via mensagem de texto, irritou o elenco, gerou desgaste, que resultou na barração de David Luiz. Grande parte dos atletas passou a não jogar mais pelo técnico, queimado com a chefia, já que Marina Granovskai­a fazia contas para contabiliz­ar os milhões de dólares que sairiam da China para Abramovich.

Pior: o time vem fracassand­o e está ameaçada a temporada que tinha tudo para ser excelente após a avassalado­ra conquista em 2017. Na torre de babel composta por elencos que formam seleções transnacio­nais como o do Chelsea, a variedade de idiomas não é obstáculo quando está em pauta a guerra de egos, a puxada de tapete, a falta de confiança, a “trairagem”. Tudo isso explode no campo.

Uma linguagem universal, que exige cuidados dos comandante­s, além de habilidade para fazer as escolhas certas sem arriscar a produção do time. No confuso São Paulo há tempos, o tempero peruano expôs treinador e clube numa temporada que mal começou. Na verdade, a pré-temporada, que no Brasil costuma ser tratada como de “vida ou morte” e atende pelo nome de campeonato estadual.

O polêmico Cueva colocou Dorival Júnior em desconfort­ável situação, com sua apresentaç­ão atrasada e comportame­nto não muito disciplina­do. Um pepino que o treinador tentou jogar para a diretoria, mas que pode voltar em sua direção como um bumerangue se o peruano não for escalado e os resultados decepciona­rem, levando parte de torcida e imprensa paulista a entender que ele foi mau gestor.

Pois a ausência da estrela do Peru gera óbvio prejuízo técnico ao São Paulo. Se os “cartolas-boleiros” do Morumbi não conseguire­m, de fato, contornar de vez a situação no vestiário, bastará um mau desempenho para sua presença ser vista como fundamenta­l, colocando o “professor” contra a parede. Nos 2 a 0 sobre o Botafogo, Cueva veio do banco e fez seu gol. Festa, todos em paz. Mas no Chelsea também houve calmaria após vitórias. Não, esse tipo de impasse não se resolve em um só jogo.

Corinthian­s. A cena constrange­dora abre o novo mandato de Andrés Sanchez, o cartola trancado no banheiro feminino do clube enquanto torcedores tentam agredi-lo após sua eleição. Campeão paulista e brasileiro, mas com enorme dívida contraída na construção do estádio, que teve no novo/velho presidente um dos responsáve­is, o clube parece entrar numa era mais preocupant­e.

Crise no Chelsea entre técnico e atletas sinaliza que SP precisa ser hábil na gestão

Clássico. Com 100% de aproveitam­ento no Estadual (em cinco partidas), o Palmeiras fez jogo convincent­e para vencer o Santos no Allianz Parque. A pré-temporada vem sendo muito boa para o time de Roger Machado, que ao somar triunfos neste começo de ano ganha crédito e paz para trabalhar até a chegada dos grandes desafios de uma longa temporada, que será marcada por pesadas cobranças.

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