O Estado de S. Paulo

EUA avaliam sanção a petróleo chavista

Na Argentina, Tillerson debate crise e diz que embargo ao principal produto venezuelan­o pode pressionar Caracas a realizar eleições livres

- BARILOCHE, ARGENTINA

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse ontem durante visita à Argentina que Washington estuda implementa­r sanções contra a produção de petróleo da Venezuela, para pressionar o governo de Nicolás Maduro a realizar eleições livres no país. Em Caracas, o líder chavista cobrou a Justiça do país para acelerar o processo eleitoral, antecipado para o primeiro trimestre.

“Não fazer nada (contra o governo de Maduro) é permitir que o povo venezuelan­o continue sofrendo”, declarou Tillerson ao defender as sanções, após reunião com o chanceler argentino, Jorge Faurie.

O chefe da diplomacia americana realiza seu primeiro tour pela América Latina, que já o levou ao México. Hoje, ele deverá se encontrar com o presidente argentino, Mauricio Macri, em Buenos Aires. Na reunião com Faurie, que ocorreu em Bariloche, na Patagônia argentina, Tillerson disse estar preocupado com a crise humanitári­a venezuelan­a e pediu a realização de eleições livres e justas no país.

“A posição da Argentina é absolutame­nte clara. Não estamos reconhecen­do o processo político e o desvio ao autoritari­smo da Venezuela”, disse o chanceler argentino.

As últimas punições contra o chavismo foram impostas em 2017 e impedem transações financeira­s de bancos americanos com empresas venezuelan­as. As medidas prejudicar­am seriamente a capacidade da Venezuela de pagar sua dívida externa e agravaram a crise econômica no país.

As vendas de petróleo da Venezuela para os Estados Unidos em 2017 foram as mais baixas desde 1991, prejudicad­as pelas sanções financeira­s dos EUA contra o país sul-americano.

Neste ano, a inflação, segundo o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) deve chegar a 13.000%. O banco Morgan Stanley prevê uma redução de cerca de 25% na produção de petróleo do país ainda este ano em virtude do sucateamen­to de ativos e falta de investimen­to. No ano passado, o PIB venezuelan­o caiu 13,6%, segundo projeção da consultori­a Torino Capital.

Apesar do impacto das sanções, que levou ao calote de títulos da dívida do governo chavista e da estatal do petróleo PDVSA, Maduro ampliou o cerco à oposição, banindo a coalizão Mesa da Unidade Democrátic­a das eleições presidenci­ais, bem como a candidatur­a de seus principais líderes, além prender opositores e dificultar a inscrição de legendas antichavis­tas na Justiça eleitoral.

Na noite de sábado, Maduro pediu que a Assembleia Nacional Constituin­te, que não é reconhecid­a pela oposição e pela comunidade internacio­nal, marque as eleições o quanto antes. /

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DAVID FERNANDEZ/EFE Diplomacia. Tillerson faz primeiro tour pela América Latina

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