‘Vai ser uma página virada na minha carreira’, diz Bellucci
Após ficar cinco meses fora das quadras, tenista voltará a jogar e afirma que vai superar trauma da pena por doping
Sem jogar desde agosto do ano passado, quando disputou o US Open, o paulista Thomaz Bellucci fará sua volta às quadras hoje, no Torneio de Quito (Equador), depois de um período de cinco meses de angústia. Atualmente morando nos Estados Unidos, onde é treinado por André Sá, o tenista recebeu uma suspensão após ser reprovado em exame antidoping realizado no dia 18 de julho, durante o ATP 250 de Bastad, na Suécia – foi eliminado na estreia.
O caso foi mantido em segredo até o fim do ano passado, quando foi revelado que Bellucci testou positivo para a substância hidroclorotiazida, proibida pela Agência Mundial Antidoping. O brasileiro escapou de levar suspensão maior porque alegou que ingeriu de forma não intencional um multivitamínico com contaminação cruzada. Ele enviou frascos deste produto para análise em laboratórios dos EUA e Canadá, que comprovaram a contaminação.
A Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), porém, considerou que o tenista teve parcela de culpa no episódio e aplicou a pena de cinco meses longe das quadras, que ele começou a cumprir oficialmente em 1.º de setembro.
“Para mim foi um pouco angustiante ter ficado cinco meses sem participar de nenhum torneio. Desde que comecei a jogar profissionalmente, foi o maior tempo que fiquei longe das quadras. Para mim foi até estranho, não viajar e ficar treinando todo este tempo, mas agora estou supermotivado de estar de volta”, comentou Bellucci, em entrevista ao Estado.
Bellucci admite que não foi fácil lidar com um caso de doping no qual assegura ter ocorrido por culpa de quem lhe forneceu os suplementos contaminados. Ele garante, no entanto, que logo conseguirá apagar o episódio negativo de sua memória e da sua trajetória no tênis.
“Com certeza tudo o que aconteceu foi um desgaste psicológico grande, já que, claro, eu não esperava que isso ocorresse. E na verdade nem foi por culpa minha, foi por uma irresponsabilidade dos outros. Isso pra mim pode ter causado até mais frustração por ter ficado tanto tempo parado”, disse. “Mas já consegui superar isso e daqui a alguns meses nem vou lembrar mais. Vai ser uma página virada na minha carreira”.
Bellucci só lamenta ter ficado fora do circuito. “A parte mais difícil foi estar impossibilitado de fazer o meu trabalho. Ficar tanto tempo sem trabalhar, até pela parte financeira, é ruim”.
Ao projetar seus objetivos para esta temporada, Bellucci exibe otimismo, mas deixa claro que está projetando possíveis feitos sem tanta pressa.
“Minha meta dentro do curto prazo é voltar a ficar entre os 100 (primeiros do ranking). Mesmo estando agora entre os 110, a gente sabe que com um ou dois resultados bons a gente consegue se estabelecer de novo entre os 100. E depois, passo a passo, voltar aos 50 melhores e aos 30, que é um objetivo mais a longo prazo”, diz. “Acredito que tenho potencial para retomar minha melhor forma, de quando conseguia me manter entre os 20 e entre os 30”, disse.
Na quadra. O tenista espera recuperar a confiança. “Falta ajustar algumas coisas no meu jogo, falta um pouco de confiança. Tenho jogar os torneios, ganhar e voltar a acreditar que posso subir”. Bellucci vai estrear em Quito contra o atual tricampeão do torneio, o dominicano Victor Estrella Burgos, que derrotou o brasileiro nas últimas três edições do ATP 250 equatoriano.