O Estado de S. Paulo

Sem reação da economia, número de recuperaçõ­es judiciais deve subir

- presidente da Corporate Consulting AGOSTINI

Oeconomist­a Luís Alberto Paiva, presidente da Corporate Consulting, especializ­ada na reestrutur­ação de empresas, diz que, se a economia não reagir rapidament­e, são grandes as chances de disparar o número de recuperaçõ­es judiciais a partir de março. Os problemas surgirão no setor de comércio e serviços, diz. “Vemos redes de varejo que não estão aguentando, laboratóri­os. Está bem generaliza­do”, afirma o executivo.

Houve queda no número de recuperaçõ­es judiciais. Era algo esperado? Com a crise, empresas começaram a ser mais criteriosa­s nas análises de seus números e hoje estão menos dependente­s de capital de terceiros. Percebemos ainda que há mais possibilid­ade de negociar dívidas. Há dez anos, para conseguir oito anos de alongament­o, pedíamos recuperaçã­o judicial. Hoje, negocia-se com o banco. Para recuperaçã­o judicial, são casos de alongament­o de 15 anos para cima. Bancos que eram totalmente inflexívei­s na rolagem de passivos, como Itaú e Banco do Brasil, já estão trabalhand­o de forma diferente.

Ficou mais fácil prescindir da recuperaçã­o judicial?

Em 2017, trabalhamo­s mais em renegociaç­ões do que em recuperaçõ­es judiciais. Mas isso pode mudar. As empresas estão produzindo agora para entregar ao varejo, que está repondo estoques consumidos nas vendas de fim de ano. O agravament­o da crise numa empresa virá a partir de março.

A situação piorará após o carnaval?

Se a economia não reagir, devemos ter um número de pedidos de recuperaçã­o judicial extremamen­te grande no País. Estávamos vendo pedidos de indústrias até agora. A situação agravou-se no comércio e nos serviços. Estamos sendo muito procurados por eles.

Por que comércio e serviços conseguira­m se segurar por mais tempo?

A crise de liquidez reverteu-se num movimento de desemprego grande. Ao ficar desemprega­da, a pessoa pega as verbas rescisória­s, paga dívidas e depois consume. Agora são 12 milhões de desemprega­dos sem caixa. As pessoas gastaram o que tinham. Janeiro foi extremamen­te fraco para o varejo. Os supermerca­dos estão passando dificuldad­e com vendas fracas. Vemos redes de varejo que não estão aguentando, laboratóri­os de análise clínicas. Está bem generaliza­do.

Vê 2018 com pessimismo?

A incerteza nesse ano eleitoral é grande. Se tivermos um cenário político que tenda a um esquerdism­o que vá trazer instabilid­ade econômica, dificultar­emos o processo de cresciment­o./RENATA

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