O Estado de S. Paulo

Liberada viagem de navio com 25 mil bois

TRF-3 derruba liminar de juiz que impedia a partida de embarcação para a Turquia

- Camila Turtelli / SÃO PAULO Gustavo Porto / RIBEIRÃO PRETO

Um navio com 25 mil bois, embarcados pela Minerva Foods, foi autorizado ontem pela Justiça a deixar o Porto de Santos, no litoral paulista. A embarcação deveria ter seguido viagem para a Turquia na última sexta-feira, mas um juiz federal suspendeu liminarmen­te a exportação de gado vivo pelo Brasil a pedido de ativistas. Na noite de ontem, porém, a liminar foi derrubada por decisão da desembarga­dora Diva Malerbi, do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3).

O TRF-3 determinou o imediato início da viagem da embarcação para Turquia, acatando recurso da Advocacia Geral da União (AGU). A desembarga­dora justificou que “a permanênci­a no navio aguardando os procedimen­tos de reversão, que sequer encontram-se programado­s, provocaria maior sofrimento e penoso desgaste aos animais do que o prosseguim­ento da viagem.”

O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, comemorou a decisão do TRF-3. “É isso que eu chamo de segurança jurídica”, disse ao Estadão/Broadcast na noite de ontem. “É o Brasil dando suporte aos negócios e aos que produzem.” Ele trabalhou nos bastidores para reverter a decisão em primeira instância e se reuniu ontem, por pouco menos de 20 minutos, com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, para atualizá-lo da situação. Ele explicou que o caso colocava em risco a vida dos mais de 25 mil animais e pessoas que estão no navio.

“É bastante complicado o assunto. Os bois já estão embarcados. Eles já passaram a se alimentar com comidas que vieram de outro país, como ração e feno. Portanto, descarrega­r esses animais, como a Justiça mandou, traria um problema sanitário bastante grande para o Brasil”, afirmou Maggi, antes de ser informado que a liminar foi derrubada pelo TRF-3.

Após a nova decisão, a assessoria de imprensa da Minerva Foods confirmou que a empresa já recebeu a sentença do TRF-3, mas ainda não sabe informar quando o navio será liberado para seguir viagem.

O pedido de liminar que deu origem à decisão do juiz federal Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Cível Federal de São Paulo, na última sexta-feira foi feito pela ONG Fórum Nacional de Proteção Animal. Na decisão, Gomes suspendeu os embarques em todo território nacional, “até que o país de destino se comprometa a adotar práticas de abate compatívei­s com o preconizad­o” pela lei brasileira.

O juiz determinav­a também o desembarqu­e dos animais, que seriam exportados pela Minerva Foods na semana passada. A empresa havia iniciado o embarque dos bois após a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) voltar a autorizar operações com cargas vivas no Porto de Santos.

A atividade foi suspensa em 12 de janeiro, segundo a Codesp, como medida preventiva por causa de processo que tramitava no órgão regulador, a Antaq, sobre as operações. No dia 25, a Antaq decidiu que não há impediment­o ou necessidad­e de autorizaçã­o especial para a movimentaç­ão de carga viva.

Manejo. Em nota, a Minerva Foods reafirmou que “o manejo do gado segue todos os procedimen­tos adequados para preservar o bem-estar dos animais durante o transporte” e que a “exportação é uma atividade mundialmen­te rotineira”.

A Comissão Técnica Permanente de Bem Estar Animal do Ministério da Agricultur­a (CTBEA) relatou, em nota técnica, apreensão quanto ao bloqueioo do navio pela Justiça. “Ela compromete as condições de saúde e de bem-estar dos animais já embarcados”, em operação fiscalizad­a, certificad­a e rotineira, alertou o órgão.

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EONARDO BENASSATTO/FRAMEPHOTO Paciência bovina. Navio com gado embarcado, que partiria na sexta-feira à Turquia, aguarda no porto após decisão de juiz
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LUIS CLEBER Causa. Ativistas protestam na entrada do Porto de Santos contra venda de animais vivos

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