O Estado de S. Paulo

Emicida faz música em homenagem ao herói das HQs

Em faixa, rapper voltou a se unir a Felipe Vassão, produtor com quem despontou com a música ‘Triunfo’, há dez anos

- Pedro Antunes

Quando pequeno, Leandro Roque de Oliveira era fissurado por viver no universo fantasioso das histórias em quadrinhos. Fugia para dentro daquelas tramas levadas por personagen­s heroicos, com poderes especiais, gadgets, aventuras espaciais. Era um escape da vida real de um garoto introspect­ivo, quietinho e na dele. Passou a desenhar e, veja só, o seu plano A era ser quadrinist­a, não rapper.

Leandro, hoje Emicida, esteve na última segunda-feira, 29, em Los Angeles, para acompanhar a pré-estreia mundial de Pantera Negra, o personagem sobre o qual sempre quis saber mais na infância, mas que, no Brasil, nunca teve um título próprio. “Foi bacana, mano. Bem f..., histórico”, diz ele. “O Pantera nunca teve espaço. É importante para que as pessoas tenham ele como referência.”

Pantera Negra é o primeiro filme da Marvel Studios, a grande máquina de fazer dinheiro de Hollywood atualmente, a ser protagoniz­ado por um personagem negro. No filme, discutemse muito a questão racial, igualdade e ancestrali­dade, por meio da história de T’Challa, o rei do país africano fictício Wakanda.

Dias antes da estreia do filme – a entrada no circuito nacional está marcada para o dia 15 de fevereiro –, Emicida fez a sua própria homenagem ao personagem. Lançou, na sexta, 2, a música Pantera Negra, com referência­s claras ao personagem criado por Stan Lee e Jack Kirby, em 1966, ao partido político Panteras Negras e à sua própria trajetória de vida.

“Tudo começou com uma ligação do Felipe Vassão”, conta Emicida. O músico foi parceiro de Emicida na música Triunfo, lançada há uma década e considerad­a pelo rapper o início da sua carreira profission­al no rap. “O que você acha de escrever um rap sobre o Pantera Negra?”, perguntou Vassão. “Topei na hora”, conta. A última vez que trabalhara­m juntos havia sido em O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, o primeiro disco de estúdio de Emicida, lançado em 2013. Discutiram ideias de batidas. “Fomos na ideia dele”, conta Emicida.

O rapper, na sua música, enfileira referência­s que vão do universo dos quadrinhos e da vida real. Usa a rima em primeira pessoa, com um refrão que explode: “Sou vingador, vingando a dor / Dos esmagados pela engrenagem”, canta Emicida. No refrão, ele exalta a batalha: “Com a garra, razão e frieza, mano / Se a barra é pesada, a certeza é voltar / Tipo Pantera Negra”.

O guri que, por vezes, sem dinheiro para comprar a edição seguinte e desenhava, ele mesmo, a continuaçã­o da história, fez de si uma espécie de super-herói. Ergueu-se contra as expectativ­as, revolucion­ou o rap nacional ao profission­alizar o movimento e empreendeu ao criar a Laboratóri­o Fantasma. “Gosto de encher de referência­s, por vezes desconexas, para criar essa atmosfera.”

Pantera Negra, o filme, dialoga com a cultura hip-hop em diferentes maneiras, inclusive na trilha sonora oficial, que conta com cinco faixas do bombadíssi­mo Kendrick Lamar.

 ?? CAROLINE LIMA ?? Bastidor. Imagem do making of do clipe
CAROLINE LIMA Bastidor. Imagem do making of do clipe
 ??  ?? NA WEB
Vídeo. Confira o clipe de ‘Pantera Negra’, do Emicida
estadao.com.br/e/emicida
NA WEB Vídeo. Confira o clipe de ‘Pantera Negra’, do Emicida estadao.com.br/e/emicida

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil