Sangue nas mãos
caem nas mãos dos senhores da guerra e causam danos terríveis a comunidades inteiras, são armas feitas em países como Alemanha, França, Itália, China, Rússia... Em todos esses lugares há pessoas que ganham muito dinheiro para fabricálas. Isso me aterroriza. São pessoas com sangue nas mãos”, disse ela.
Mirren, depois de uma vida dedicada ao teatro, à televisão e a histórias profundas no cinema, deu uma guinada em sua carreira nos últimos anos ao participar de filmes como Red: Aposentados e Perigosos (2010) e Velozes e Furiosos 8 (2017), que têm pouco a ver com sua imagem refinada graças a obras como A Loucura do Rei George (1994), Assassinato em Gosford Park (2001) e A Última Estação (2009), pela qual foi indicado para um Oscar.
“Para as pessoas, sejamos honestos, a violência no cinema atrai”, admite a atriz. “Mas tem sido assim desde o início dos tempos: aí estão os antigos poemas heroicos ou as lendas nórdicas ou britânicas, histórias sobre violência, guerra e sexo. Nos últimos 3 mil anos, sempre houve narradores ao redor do fogo contando essas histórias. Violência e sexo andam de mãos dadas, ainda é o que mais vende”, disse ela.
No caso de Mirren, querer participar de tais projetos, além disso, era uma simples questão de curiosidade. “Fazer filmes mais íntimos e interpretar pequenas histórias é maravilhoso, mas eu queria experimentar esse campo de grandes espetáculos, tão desconhecidos para mim. Queria ver como eram feitas essas enormes produções e me fascina ver o artesanato que eles possuem. Adoro a sensação de entrar em um mundo diferente graças aos sets e cenários”, disse.
Mais pé no chão é o movimento #MeToo, cujo objetivo é denunciar o assédio sexual às mulheres, algo que a própria Mirren sofreu quando era jovem. Claro, ela também aplaude as recentes palavras de Catherine Deneuve, que defendeu o direito ao flerte e galanteio contra o “puritanismo” das feministas.
“É um argumento válido, acho que ela deu sua opinião da forma mais delicada, precisa e humana. Todas as vozes devem ser ouvidas, e acho que o ideal é encontrar consenso e o ponto em comum que ambos os lados defendem”, afirmou.