O Estado de S. Paulo

Sem reforma, governo mira Eletrobrás

Nova agenda econômica do Planalto inclui ainda a simplifica­ção de tributos, como PIS e Cofins, e medidas para aumento de produtivid­ade

- Adriana Fernandes Igor Gadelha / BRASÍLIA

Sem a reforma da Previdênci­a, o governo vai concentrar a agenda econômica na privatizaç­ão da Eletrobrás, simplifica­ção de tributos e medidas para aumentar a produtivid­ade. Segundo um integrante do governo, o adiamento da reforma não é “o fim do mundo”, mas vai impor a necessidad­e de agilizar a aprovação de medidas econômicas que ficaram à espera da aprovação da Previdênci­a, como o projeto de recuperaçã­o fiscal das empresas.

A reforma do PIS e Cofins, tributos com cobrança complexa, pode finalmente ganhar espaço na agenda. O governo começou a costurar tecnicamen­te uma saída para evitar a mudança no setor de serviços, que promoveu no ano passado forte lobby contra essa microrrefo­rma tributária. Uma reforma tributária mais ampla não tem chance de avançar em ano eleitoral.

Fontes do governo reconhecem, no entanto, que até o fim de março e início de abril a definição das candidatur­as, com a necessidad­e de desincompa­tibilizaçã­o, devem tomar o espaço da agenda econômica. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é uma das autoridade­s que podem deixar o cargo para se candidatar à Presidênci­a.

Sem as negociaçõe­s dos inúmeros Refis (parcelamen­to de débitos tributário­s), que dificultar­am a aprovação da agenda econômica, a expectativ­a é que o caminho esteja mais aberto no Congresso. O Banco Central (BC) tem uma pauta de votação de projetos já aprovados no Senado que espera avançar na Câmara, como as mudanças no cadastro positivo e no relacionam­ento da instituiçã­o com o Tesouro Nacional.

A discussão da regra de ouro (que impede o governo de se financiar para pagar gastos correntes, como conta de luz e salários) e da diminuição das amarras do Orçamento (o excesso de vinculaçõe­s) são outros temas que podem ganhar força, segundo fontes.

Uma fonte da equipe econômica avaliou que no curto prazo a situação é muito boa, porque

o cresciment­o mais forte em 2018 já está dado, ao lado do excesso de recursos para investimen­tos no mercado internacio­nal. Os fundos de investimen­to estrangeir­os estão aumentando as aplicações no Brasil. O que preocupa, no entanto, é que ocorrerá em 2019, já que o

próximo presidente terá de emplacar a reforma da Previdênci­a para continuar o ajuste fiscal.

Agenda própria. Na busca de maior protagonis­mo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também é presidenci­ável, já definiu uma agenda alternativ­a à reforma. A avaliação do grupo do parlamenta­r é de que, se ele quiser ser candidato, não pode ficar preso apenas à agenda impopular, como a das mudanças previdenci­árias.

Sem a Previdênci­a, Maia deve eleger como uma de suas prioridade­s o projeto de privatizaç­ão da Eletrobrás, enviado pelo governo à Câmara em janeiro. Na agenda pós-Previdênci­a, há também a proposta de desoneraçã­o da folha de pagamento, que está parada em uma comissão especial, projetos que alteram as regras de licenciame­nto ambiental e de distratos – para quem desiste da compra ou venda de imóvel na planta.

Defendida pelo governo, a reforma tributária não deve ser priorizada por Maia. Seus aliados admitem que será difícil emplacar a matéria, que também é tema de difícil consenso entre os governador­es.

Maia quer pôr em votação projetos com apelo popular, como mudanças nos planos de saúde para idosos e propostas na área da segurança pública.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-4/2/2018 Eleições. Se confirmada sua candidatur­a à Presidênci­a, Henrique Meirelles terá de deixar o cargo até abril

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