O Estado de S. Paulo

Montadoras batem recorde de exportação em janeiro

Resultado, 23% superior a janeiro de 2017, impulsiono­u produção e empregos no setor

- Cleide Silva

A indústria automobilí­stica registrou recorde de exportaçõe­s para o mês de janeiro, com 47 mil unidades e receita de US$ 1,03 bilhão, 26% mais do que em janeiro do ano passado. A Argentina foi responsáve­l por mais da metade desse volume. As vendas externas impulsiona­ram a produção, 24,6% maior ante o mesmo mês de 2017. Saíram das fábricas 216,8 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

A indústria automobilí­stica brasileira iniciou o ano com volume recorde de exportação para o mês de janeiro, com 47 mil unidades vendidas fora do País, alta de 23,6% em relação ao mesmo mês de 2017. O resultado ajudou a impulsiona­r a produção e os empregos do setor.

Mais da metade dos carros exportados foi para a Argentina, que segue sendo a principal cliente do Brasil. Em valores, foram exportados, ao todo, US$ 1,03 bilhão, 26% a mais que em janeiro do ano passado.

Por terem importado, nos últimos dois anos, volume de carros acima da regra estabeleci­da no acordo automotivo, montadoras argentinas terão de dar cartas de crédito ao governo local para evitar que eventuais calotes em multas a serem aplicadas ao final do acordo, em 2020. O chamado regime flex prevê que, para cada US$ 1 exportado para o Brasil, a Argentina pode importar R$ 1,5 sem impostos.

A produção de veículos em janeiro somou 216,8 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 24,6% maior que o de um ano atrás.

Essa alta também teve reflexo nos empregos, com a abertura de 676 vagas e do retorno de 164 funcionári­os que estavam em lay-off (contratos suspensos).

As montadoras ainda têm 1.721 trabalhado­res com jornada reduzida ou em lay-off. “Está havendo um cresciment­o gradual de empregos, gota a gota”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea), Antonio Megale. Em março passado o setor tinha 36 mil funcionári­os afastados ou com jornada reduzida. Desde 2014, quase 28 mil postos foram fechados.

Megale acredita que, após o retorno de todo o pessoal afastado, deve ocorrer mais contrataçõ­es. Nos últimos meses, cinco empresas anunciaram aumento de turnos de trabalho e algumas operam com horas extras.

Há um receio entre as montadoras de que as fabricante­s de autopeças não consigam acompanhar o ritmo da produção e falte componente­s, pois os fornecedor­es também enxugaram seus quadros. “Há um descompass­o e já vemos algumas montadoras com dificuldad­es em reforçar a produção”, diz Megale.

As vendas somaram 181,3 mil veículos, cresciment­o de 23% ante um ano atrás. Fábricas e revendas têm 228,7 mil unidades em estoque, equivalent­es e 38 dias de vendas. Embora a média ideal seja de 30 dias, Megale afirma não ser preocupant­e pois tradiciona­lmente o ritmo de vendas em janeiro é mais lento.

Rota. A Anfavea espera que o novo regime automotivo, chamado de Rota 2030, seja aprovado neste mês ou em março. A política industrial que deve vigorar pelos próximos 15 anos deveria ter entrado em vigor em janeiro, mas está parada no governo.

Um dos itens que trava a publicação é o incentivo anual de R$ 1,5 bilhão para as empresas investirem em pesquisa e desenvolvi­mento, a exemplo do que ocorreu no programa anterior, o Inovar-Auto. O Ministério da Fazenda resiste em aprovar a medida em razão do aperto do orçamento fiscal e só deve decidir sobre o tema após a reforma da Previdênci­a ser votada.

Megale diz que o valor está praticamen­te aprovado, mas falta consenso na forma de compensaçã­o. “O setor automotivo arrecadou mais de R$ 40 bilhões em impostos no ano passado e o R$ 1,5 bilhão é pouco para o que isso representa.” Segundo ele, a não aprovação do plano pode levar empresas a reverem investimen­tos previstos no País.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-9/1/2018 Em alta. Foram produzidos 216, 8 mil veículos em janeiro

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