O Estado de S. Paulo

EUA cobram Colômbia por alta em área de coca

Diplomacia Trump. Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, se reúne com autoridade­s em Bogotá em meio a críticas ao retrocesso do governo colombiano na implementa­ção de programas de erradicaçã­o e combate ao tráfico de drogas no país

- BOGOTÁ

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, chegou a Bogotá ontem para se encontrar com autoridade­s locais e cobrar medidas mais firmes da Colômbia para combater o retrocesso do país na luta contra o tráfico de drogas, principalm­ente a cocaína.

A Colômbia é considerad­a um “parceiro estratégic­o” dos Estados Unidos no combate às drogas, mas, desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, a relação entre os países está estremecid­a. Segundo um relatório divulgado no ano passado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a área de plantio de coca na Colômbia cresceu para 146 mil hectares, aumento de 52% só em 2016, o que representa um retorno aos níveis de 2001.

Na sexta-feira, Trump ameaçou cortar ajuda financeira a países que não consigam impedir o envio de drogas aos EUA. Ele pediu à Colômbia que faça “todo o possível” para eliminar o tráfico de drogas e advertiu sobre possíveis “problemas bilaterais” se o aumento das plantações não for interrompi­do. Também ameaçou incluir a Colômbia em uma lista, que inclui Venezuela e Bolívia, por não cumprir seus compromiss­os internacio­nais no combate ao narcotráfi­co.

Na reunião entre Tillerson e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o líder colombiano prometeu erradicar 115 mil hectares de plantações ilegais até o fim do ano, e disse ter assinado acordos com 124 mil famílias que, juntas, tem mais de 90 mil hectares de plantações ilegais, para fazer a substituiç­ão do cultivo. Venezuela. No encontro, Santos também criticou o chavismo. “Compartilh­amos com o secretário Tillerson a preocupaçã­o com a crise na Venezuela”. Segundo Santos, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro “nunca aceitará disputar uma eleição livre e transparen­te, porque sabe que vai perder”. “É urgente restaurar o canal democrátic­o na Venezuela, porque são os cidadãos que sofrem com a ditadura.”

Em outra etapa de sua visita a cinco países latino-americanos, iniciada na quinta-feira, Tillerson se encontrou com o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, ontem, em Lima, antes de viajar para a Colômbia. No encontro, Tillerson elogiou a liderança do Peru e o papel do Grupo de Lima na busca por uma solução regional para a crise que afeta a Venezuela. “Os

Estados Unidos apreciam a liderança do Peru na região e, em particular, o papel muito importante desempenha­do pelo Grupo de Lima ante a terrível destruição dos processos democrátic­os

na Venezuela”, disse Tillerson à imprensa após uma reunião a portas fechadas com o presidente peruano.

O Grupo de Lima, integrado por países das Americas, se tornou o principal contrapont­o latino-americano ao chavismo. Tillerson destacou que teve “uma troca muito boa acerca do que se pode fazer para que a Venezuela volte à sua Constituiç­ão”.

A Cúpula das Américas, que vai reunir líderes de governo dos 35 países das Américas, acontecerá em Lima, entre 13 e 14 de abril. O tema da cúpula é “a governabil­idade democrátic­a frente à corrupção”.

No encontro, Donald Trump e Nicolás Maduro podem ficar frente a frente. Ontem, o presidente da Venezuela confirmou a presença no evento para “defender a soberania da nossa América Latina e do Caribe, e para se reunir com o combativo povo do Peru”, afirmou em nota a chancelari­a da Venezuela. Líderes políticos peruanos já organizam protestos para receber Maduro.

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FREDY BUILES / REUTERS – 15/8/2012 Repressão. Operação de erradicaçã­o de coca na Colômbia

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