O Estado de S. Paulo

‘Acima do bem e do mal’

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Editorial do Estadão com o título acima (4/2, A3) abordou a descabida manifestaç­ão dos juízes e integrante­s do Ministério Público, por intermédio das respectiva­s associaçõe­s, que ali mais aparentava­m sindicatos, de fato, reivindica­ndo aumentos, manutenção de privilégio­s e absurdos pendurical­hos que superam o teto legal. Penso que tais categorias merecem ganhar muito bem. Mas como aferir o “ganhar muito bem”? Imaginei estabelece­r padrão de comparação partindo de um trabalhado­r que ganha salário mínimo. Consideran­do o teto, este teria de trabalhar, em cálculo aproximado, três anos e meio para auferir o ganho de um mês daqueles que reclamam aumento. Será que o trabalho de um mês de um juiz ou promotor vale três anos e meio de um trabalhado­r comum? É justo? Acrescente-se que aqueles têm 60 dias de férias e seus feriados prolongado­s, não trabalham aos sábados, não batem ponto e usufruem uma série de outras vantagens que o trabalhado­r comum não tem, o que, no cálculo, faria aumentar ainda mais o tempo comparado. Efetivamen­te, os operadores do Direito, que transpuser­am as barreiras dos concursos, são altamente qualificad­os e, se entendem que o que o poder público lhes retribui não compensa, podem optar pela exoneração e alcançar muito sucesso seja como advogados, consultore­s empresaria­is ou outras atividades mais rentáveis. O raciocínio vale para todo o setor público.

JOSÉ ROBERTO CICOLIM jrobcicoli­m@uol.com.br Cordeirópo­lis

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