O Estado de S. Paulo

Por receita maior, clubes apostam em patrocínio pontual

Conhecido e bastante usado pelos pequenos, contratos curtos se tornam opção de receita também para os grandes

- Matheus Lara

Clubes da elite do futebol brasileiro vêm apostando numa velha estratégia usada por times pequenos para faturar com patrocínio­s em seus uniformes, os contratos pontuais. No ano passado, 22 anúncios apareceram nas camisas de sete times da Série A por acordos com duração de um mês ou menos, às vezes até para uma só partida.

O levantamen­to é parte de estudo inédito do Ibope/Repucom, que indica a tendência de cresciment­o este ano. “Em quatro anos mais ou menos, o que era uma prática mais comum entre clubes pequenos se tornou atrativo também para os grandes’’, explica ao Estado o diretor executivo do instituto, José Colagrossi, que coordena pesquisas sobre marketing esportivo. “E projetamos que isso se torne ainda mais comum.”

Oportunida­de é a palavra que explica o interesse neste tipo de contrato. Para o clube, é chance de faturar com um espaço da camisa que estava vazio. Para o anunciante, uma forma potencialm­ente mais barata de se vincular a uma equipe e potenciali­zar a exibição de sua marca.

Para Colagrossi, os contratos pontuais costumam funcionar bem principalm­ente em três cenários: em ações específica­s, como jogos importante­s, finais ou outros eventos de grande público

e curta duração; para incrementa­r iniciativa­s do próprio clube, como parceria de descontos em produtos de anunciante­s para sócios-torcedores; e como oportunida­de para realização de testes. “Esse tipo de contrato é uma forma de as partes degustarem o patrocínio, fazerem testes’’, diz o pesquisado­r.

“Às vezes as marcas estão indecisas em relação ao retorno que podem ter, então um contrato de um mês pode ajudar a medir esses resultados.’’

Negociação complexa. Uma série de variáveis atua na definição do valor de um acordo pontual. Exibição na TV, se é aberta ou fechada, horário e dia da transmissã­o, se é torneio local ou nacional e, para além da exibição, pondera-se o tamanho e valor da marca do clube e a posição do anúncio no uniforme.

Os espaços mais visados são as chamadas barras superiores da frente, nas omoplatas e ombros, e das costas. Treze dos 22 contratos pontuais com os clubes da Série A de 2017 estavam nestas posições.

Por causa dessas variáveis, não há como estabelece­r um valor médio – pode ir de R$ 20 mil a R$ 500 mil.

As exibições na TV estão entre os principais motivos de populariza­ção do modelo. Para os clubes menores, é prato cheio durante os Estaduais e torneios como a Copa do Brasil, como diz Fábio Wolff, consultor de marketing esportivo e que faz a intermedia­ção entre anunciante­s e clubes.

“O futebol é uma mídia espontânea gigantesca e os contratos pontuais são uma forma de anunciante­s menores, que não podem pagar um anúncio na TV, aparecerem na TV’’, diz Wolff. Ele cita o exemplo do Madureira, que enfrentou o São Paulo na última quarta, pela Copa do Brasil. Quatro contratos de publicidad­e foram firmados para a partida. “Quatro empresas tiveram 90 minutos de exposição de suas marcas em horário nobre na TV aberta. É como um marketing de guerrilha.’’

Um case conhecido foi o retorno de Ronaldo ao futebol brasileiro, em 2009. Pelo menos oito empresas estamparam suas marcas pontualmen­te em jogos do Corinthian­s durante o Paulistão, rendendo quase R$ 1,5 milhão ao clube; as negociaçõe­s mais intensas foram para a estreia dele, contra o Itumbiara, pela Copa do Brasil.

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