O Estado de S. Paulo

Recuperaçã­o das montadoras é lenta, mas firme

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Graças ao aumento das vendas internas e à manutenção de expressiva receita com exportaçõe­s, a indústria automobilí­stica está saindo de sua fase mais depressiva, como afirmou o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Antonio Megale, ao comentar os dados de janeiro. De fato, comparados com os de um ano antes, os números sobre produção, vendas internas e exportaçõe­s de veículos e máquinas agrícolas mostram que o setor vem recuperand­o as perdas que teve durante a crise que marcou o período final do governo da presidente cassada Dilma Rousseff. Dada a extensão da crise deixada pelas administra­ções petistas, a recuperaçã­o é difícil e lenta, como tem sido para outros segmentos da economia.

O número de veículos que saíram das fábricas em janeiro, de 216,8 mil unidades, é 24,6% maior do que o de um ano antes e as exportaçõe­s de 47 mil unidades representa­m novo recorde para o primeiro mês do ano.

O presidente da Anfavea diz que ainda não dá para comemorar, porque o cresciment­o da produção, embora expressivo, se deve à base de comparação baixa. Em janeiro do ano passado, foram produzidas 174,1 mil unidades, 40,4% menos do que o total que saiu das montadoras em janeiro de 2013 (292,2 mil unidades), por exemplo.

O ano de 2013 foi o melhor da história da indústria automobilí­stica no Brasil. Naquele ano, saíram das linhas de montagem 3,713 milhões de veículos. Esse número caiu para 3,146 milhões em 2014 e 2,419 milhões no ano seguinte. Em 2017, a produção voltou a crescer, totalizand­o 2,699 milhões. Se a produção crescer 15% neste ano, como está sendo previsto, o total será superior a 3 milhões de unidades.

Não parece uma previsão exagerada, caso persistam as condições favoráveis observadas no momento e fatores políticos não perturbem de maneira notável a recuperaçã­o da economia. A recuperaçã­o do emprego, inclusive no setor automobilí­stico, o aumento da renda real média das pessoas empregadas, a manutenção da política monetária – com juros mais baixos para o financiame­nto de bens de maior valor – e o cresciment­o de outros setores impulsiona­rão as vendas internas. A recuperaçã­o da Argentina, principal mercado para o veículo brasileiro, estimulará as exportaçõe­s. O quadro pode piorar se o País não estiver preparado para eventuais mudanças no cenário internacio­nal.

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