O Estado de S. Paulo

Para ampliar banda larga, TIM avalia compra de ativos de Cemig e Copel

Aquisição. Terceira maior no setor de telefonia móvel no País, operadora aguarda abertura formal do processo de venda das empresas de telecomuni­cação das estatais de energia para fazer proposta; Copel Telecom é avaliada em R$ 1 bi, e divisão da Cemig, em

- Mônica Scaramuzzo /COLABOROU CIRCE BONATELLI

A TIM, terceira maior operadora de telefonia móvel do País, está avaliando a compra dos negócios de telecomuni­cação das estatais de energia Cemig e da Copel para crescer em banda larga no País, apurou o ‘Estado’. A tele, controlada pela Telecom Itália, aguarda a abertura do processo de venda das empresas para formalizar a proposta, afirmou uma fonte da alta cúpula da companhia italiana, que preferiu não se identifica­r.

Embora as empresas não estejam oficialmen­te à venda, os controlado­res da operadora já conversara­m com as companhias, de acordo com a mesma fonte. O interesse por empresas regionais ganhou mais força dentro da TIM após tentativas frustradas de fundir a tele com a Oi, que está em recuperaçã­o judicial desde junho de 2016 e agora se reestrutur­a para sobreviver.

Para a TIM, a Copel Telecom é mais estratégic­a para por ser um pacote “mais completo” – a empresa paranaense atua como operadora por meio da Sercomtel, de Londrina, da qual é acionista. A Sercomtel tem contratos corporativ­os de empresas e com a prefeitura de Londrina, além de ser referência em banda larga. A Cemig Telecom está presente em Minas Gerais e em alguns Estados do Nordeste, com atuação no segmento de internet via redes de fibra ópticas.

No mercado, a Copel Telecom é avaliada em torno de R$ 1 bilhão e a Cemig Telecom, em cerca de R$ 200 milhões.

A Cemig Telecom está com o processo de venda mais avançado, segundo fontes a par do assunto. No dia 28 de fevereiro, os acionistas da companhia vão discutir em assembleia a incorporaç­ão da tele à empresa-mãe antes de definir como será a venda desse negócio. No ano passado, a estatal divulgou um plano de desinvesti­mento de cerca de R$ 8 bilhões, que inclui diversos negócios. Pessoas familiariz­adas com o assunto afirmam que há vários investidor­es interessad­os na Cemig Telecom.

Já o processo da Copel Telecom ainda não foi aberto oficialmen­te. O mercado aguarda reunião da empresa, prevista para as próximas semanas, para saber se essa divisão poderá ser colocada à venda a partir do segundo semestre. Além da TIM, fontes do mercado financeiro acreditam que a Copel Telecom poderá atrair o interesse de fundos e outras operadoras.

Procurada, a TIM informou, por meio de nota, que “está sempre atenta às oportunida­des do mercado, mas reafirma que no momento não há qualquer negociação em curso”.

Peso das regionais. Atrás da Vivo e da Claro no ranking, a TIM busca ampliar sua atuação no País e tem avaliado nos últimos meses empresas regionais de peso para ampliar sua presença em internet. Foi este movimento que a Telefônica/Vivo fez em 2014, ao anunciar a compra da empresa GVT, que pertencia à Vivendi, por R$ 22 bilhões, e se distanciar das rivais.

Mesmo com o mercado concentrad­o nas mãos das quatro grandes operadoras – Vivo, Claro, TIM e Oi –, as empresas regionais vêm ficando mais agressivas, sobretudo em banda larga. Dados da consultori­a especializ­ada em telecomuni­cações Teleco mostram que, em 2014, a participaç­ão das empresas regionais em banda larga era de 11,4%; no ano passado, saltou para 20,5%.

Um caminho mais curto para a TIM ganhar escala seria fazer uma proposta para a Oi. Mas, segundo a fonte da TIM ouvida pelo Estado, embora o negócio faça sentido, a Oi ainda precisa resolver a etapa de conversão de dívidas em ações por parte dos credores e receber aporte antes de buscar um sócio. Essa fonte, contudo, não descartou conversas futuras.

Ontem, as ações da tele fecharam com a maior alta da Bolsa, um dia após a companhia divulgar seus resultados do quarto trimestre. Os papéis ordinários subiram 6,98%, a R$ 13,94.

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