O Estado de S. Paulo

‘LEVANTO AS BANDEIRAS QUE TRAZEM AMOR’

- MARILIA NEUSTEIN

Phabullo Rodrigues da Silva, mais conhecido como Pabllo Vittar, está empolgada com o carnaval. Não é para menos. Uma das celebridad­es mais bombadas do momento vai passar por Olinda, Salvador, Ouro Preto, BH e Rio e coloca na rua um bloco para chamar de seu. Nascida em Caxias, no Maranhão – ela se interessou pelo universo das drag queens ainda na adolescênc­ia, mas foi só na faculdade, em Uberlândia (onde vive até hoje), que começou a “se montar” para suas performanc­es. Abaixo, trechos da entrevista que a cantora cedeu à coluna.

Você está com uma programaçã­o intensa de carnaval. São cinco cidades. Como está lidando com o sucesso?

Desde que comecei a fazer esse trabalho de cantar e galgar meus sonhos, sempre busquei isso. E estou feliz com essa rotina bastante corrida, porque é o que me deixa feliz. Estou empolgada com esse carnaval, vou conhecer lugares, vou ter o meu próprio bloco no carnaval de Salvador. No circuito Barra-Ondina, que é um dos mais importante­s do Brasil.

Considera-se uma foliã?

Sempre pulei carnaval. Desde pequena tenho uma relação muito forte com esse feriado, mas as cidades em que eu morei o carnaval era mais tímido, não essa coisa fervorosa que a gente vê nos blocos no Rio ou em SP. Por isso, escapava para pular com minhas amigas.

Escolheu algum tema para seu carnaval?

Junto com meu stylist, preparei para cada dia de carnaval um look diferente, inspirado em personagen­s de que eu gosto. No ano passado, quando estava fazendo show em um bloco em SP, estava super ‘normalzinh­a’ e vi o pessoal lá embaixo, fantasiado, com glitter na cara... e pensei: ‘eu queeero...’. Este ano temos uma fantasia para cada dia. A bicha arrasou muito!

2018 está sendo um furacão de sucesso. Qual o seu balanço?

Ao mesmo tempo que deu esse “boom”, tenho na minha cabeça que é só o começo. Estamos dando passos rumo a um lugar muito legal na música.

Como foi que você começou a se interessar pelo universo das drags queens?

Morei em Caxias, no Maranhão, até os meus 15 anos. E foi lá que tive esse contato com as drags. Amigas minhas vinham de Teresina, para fazer shows na minha cidade. Depois vim para São Paulo tentar uma carreira, com 16 anos, e acabei trabalhand­o em tudo, menos cantando. O drag entrou na minha vida quando prestei vestibular para federal de Uberlândia, no curso de design. Comecei a me montar para ir para as festas, onde eu conheci os empresário­s que trabalham comigo até hoje. E lá eu tive essa noção: queria ser uma drag que canta. Hoje fico muito feliz de ver que a gente consegue fazer esse trabalho. Vale mais do que qualquer coisa.

Como vê o tema da tolerância e a agenda LGBT atual? Acha que o Brasil está avançando?

Acho incrível uma drag queen subir em um palco e fazer um show, com uma multidão de fãs se divertindo, no mesmo País onde mais se mata LGBT no mundo. Então é um pouco contraditó­rio. Se uma drag queen pode fazer sucesso, por que a gente não pode ter o respeito todos os dias? Mesmo assim, acho que avançamos bastante. O ano de 2017 foi incrível, somamos trabalhos maravilhos­os, vimos a bandeira LGBT brilhar. Mas 2018 vai ser melhor ainda.

A bandeira LGBT está muito junto da feminista. Como vê esse movimento?

Estou com todo movimento que traga respeito e tolerância. Levanto todas as bandeiras que trazem amor. Acho que temos que apoiar essa causa. Esse carnaval as pessoas estão com mais consciênci­a, pensando: “Poxa, eu só vou se a pessoa quiser”. Isso é muito legal.

Você acabou de lançar um videoclipe novo. Tem disco por aí também?

Sim, o clipe é da música Então Vai, que eu amo muito. É uma “vibe” bem verão, bem para cima. E o clipe externaliz­a isso. Estou bem contente. E tem álbum novo chegando. Vou para Los Angeles gravar meu segundo disco de estúdio. Estou ansiosa para lançar esse projeto.

Sua história é uma inspiração para muita gente. Como lida com esse feed back?

Fico muito chocada ao ver que, em tempos tão tecnológic­os, as pessoas ainda mandem cartas. Recebo cartas na minha casinha, entrando aqui recebi bilhetes. Amo muito esse carinho porque é genuíno. Meu trabalho é para os meus fãs.

O que a inspira ser assim?

Caramba! Eu conheci uma diva latina, Natti Natasha, que é dominicana. E ela arrasa! Estou viciada nas músicas dela./

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