O Estado de S. Paulo

BC reduz taxa de juros para mínimo histórico de 6,75%

Selic atinge nível mais baixo desde sua criação, em 1996; Copom sinaliza que o ciclo de cortes chegou ao fim

- Fabrício de Castro Eduardo Rodrigues/ BRASÍLIA COLABORARA­M CAIO RINALDI E SIMONE CAVALCANTI

O Banco Central reduziu a taxa básica de juros de 7% para 6,75% ao ano. Foi o 11.º corte consecutiv­o da Selic, que atinge o menor valor desde que foi criada, em 1996. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também sinalizou que o mais provável é que o movimento de ontem tenha sido o último do atual ciclo de cortes. Uma nova redução pode ocorrer em março apenas se o cenário melhorar. Para economista­s, a aprovação da reforma da Previdênci­a seria um desses fatores. Desde o ano passado, o BC vinha indicando que pararia de reduzir a taxa básica de juros, que serve de parâmetro para o custo de empréstimo­s. Mesmo com a Selic no menor nível das últimas duas décadas, a taxa média cobrada em operações de crédito no Brasil no ano passado foi de 25,6% ao ano. O juro do rotativo de cartão de crédito chegou a 334,6% ao ano e o do cheque especial, a 323%.

O Banco Central anunciou ontem o 11.º corte consecutiv­o dos juros básicos da economia. A taxa Selic caiu 0,25 ponto porcentual e passou de 7,0% para 6,75% ao ano – o menor nível desde sua criação em 1996. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsáve­l pela decisão, também indicou que o mais provável é que o movimento de ontem tenha sido o último do atual ciclo de cortes da taxa básica. Uma nova redução pode ocorrer em março apenas se o cenário melhorar. Para economista­s, a aprovação da reforma da Previdênci­a seria um dos fatores para isso.

Desde o ano passado, o BC vinha indicando que pararia de reduzir a taxa básica de juros, que serve de parâmetro para o custo de empréstimo­s. Mesmo com a Selic no menor patamar em duas décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacio­nais. A taxa média cobrada em operações de crédito no Brasil no ano passado foi de 25,6% ao ano. A do rotativo de cartão de crédito chegou a 334,6% ao ano e a do cheque especial a 323% ao ano.

A pausa nos cortes da Selic se deve a dois fatores. A inflação, apesar de controlada, deve acelerar em 2018 e 2019, com o reaquecime­nto da economia. Depois de ter fechado em 2,95% no ano passado, o índice oficial de inflação ficará em 4,2% neste ano e no próximo, conforme as projeções mais recentes do BC.

Outra preocupaçã­o está ligada ao andamento das reformas,

Tatiana Pinheiro

em especial a da Previdênci­a. Em função do calendário eleitoral, a votação da proposta no Congresso pode ficar para 2019, o que é malvisto pelo BC. O presidente da instituiçã­o, Ilan Goldfajn, vem defendendo o reequilíbr­io das contas da Previdênci­a para permitir a queda da taxa de juros.

O Copom foi claro, ontem, ao sinalizar que a Selic, agora em 6,75%, tende a permanecer nesse patamar em 2018. O colegiado afirmou que, para a reunião de março, se o cenário econômico se desenvolve­r como esperado, será “mais adequada a interrupçã­o do processo de flexibiliz­ação monetária (corte de juros)”.

No entanto, a instituiçã­o deixou aberta a possibilid­ade de rever essa posição e promover um corte adicional da Selic em março, para 6,50% ao ano. De acordo com o BC, isso ocorrerá “caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”. Na prática, até 21 de março, quando ocorre a próxima decisão sobre a Selic, um dos fatores que podem contribuir para a melhora do cenário é justamente a aprovação da reforma da Previdênci­a no Congresso. “Se uma reforma como foi apresentad­a antes tivesse sido aprovada, o ciclo de cortes não teria acabado agora”, disse a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander.

O BC também mencionou ontem, indiretame­nte, o estresse nas bolsas americanas na segunda-feira, que teve reflexos no Brasil. Para a instituiçã­o, “apesar da volatilida­de recente das condições financeira­s nas economias avançadas”, o cenário externo tem se mantido favorável.

O presidente Michel Temer comemorou a decisão do BC nas redes sociais, afirmando que “o governo fez o dever de casa e criou as condições para o Banco Central cortar os juros”. /

“Se a reforma da Previdênci­a tivesse sido aprovada, o ciclo de cortes não teria acabado agora.” Sem reforma

ECONOMISTA DO BANCO SANTANDER

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