O Estado de S. Paulo

Doria já se move para disputar o governo

Após recuar na investida para a Presidênci­a, prefeito articula aliança no plano estadual

- Pedro Venceslau Isadora Peron / BRASÍLIA

Cerca de dois meses depois de encerrar sua agenda de viagens nacionais e recuar na investida para disputar o Palácio do Planalto, o prefeito João Doria (PSDB) passou a se movimentar abertament­e para ser o candidato tucano ao governo paulista.

Durante a reunião da executiva nacional do PSDB ontem, em Brasília, Doria defendeu a realização das prévias estaduais da sigla na mesma data das primárias nacionais entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio: dia 4 de março. Dessa forma, Doria poderia participar da disputa interna sem deixar a Prefeitura de São Paulo, já que o prazo legal para a desincompa­tibilizaçã­o do cargo é o dia 7 de abril.

Questionad­o sobre o motivo da proposta, o tucano afirmou que seria “sensato” unificar as datas, pois isso seria mais econômico para a legenda. A ideia, porém, não prosperou. Com apoio de Alckmin, a cúpula partidária definiu que caberá aos diretórios estaduais a decisão final. O PSDB paulista já marcou uma reunião no dia 19 para discutir o assunto. A executiva fez apenas uma “recomendaç­ão” para que as datas coincidam.

Ontem, em Brasília, Doria também se reuniu com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), para discutir o cenário eleitoral. Em São Paulo, o nome do MDB para o governo é o do presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Anteontem, o prefeito se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), para articular a formação de uma aliança no plano estadual. No PSD, o interlocut­or do tucano é o ministro Gilberto Kassab (Comunicaçõ­es).

“Em São Paulo, estamos evoluindo bastante bem com o PSD, estamos seguindo bem com o DEM e dialogando com o próprio MDB. Nós também desejamos prosseguir as conversas que temos com o PP e com outras boas siglas, com vista a formar uma chapa de coalizão para disputar a eleição em São Paulo”, disse Doria.

Mobilizaçã­o. Para conter o avanço do vice-governador Márcio França (PSB), que tenta atrair o apoio do PSDB para disputar a sucessão de Alckmin em uma chapa única da base governista, aliados de Doria intensific­aram a mobilizaçã­o de prefeitos e lideranças no Estado. Após uma série de reuniões fechadas com dirigentes tucanos, o prefeito participou anteontem de ato público na Freguesia do Ó, na zona norte da capital, com cerca de 200 líderes. Foi recebido com faixas e palavras de ordem com o mote: “João trabalhado­r, o meu governador”.

Em um discurso feito ao lado de Doria, a vereadora Aline Cardoso (PSDB) afirmou: “Vou sentir falta de você na Prefeitura, mas continuare­i tendo você como líder no Palácio dos Bandeirant­es”. Em seguida, o prefeito ouviu um “pedido” público: “Que você aceite ser o nosso governador”. Sob uma faixa com o slogan “Doria governador”, o tucano sorriu e ergueu o braço dos correligio­nários.

“Quero que vocês todos assumam o compromiss­o de defender o PSDB e a candidatur­a daquele que vai estar lá, no Palácio dos Bandeirant­es, e o Geraldo Alckmin no Palácio do Planalto. Acelera”, discursou Doria.

Em outra frente, prefeitos tucanos contrários à candidatur­a de Doria fizeram um jantar em uma pizzaria na capital. “Doria aspira ser candidato, mas outras opiniões precisam ser ouvidas”, afirmou o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira.

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JOAO SALVATORE Ato. O prefeito João Doria discursa em evento do PSDB na zona norte de São Paulo

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