Senado dos EUA aprova orçamento
Proposta que pode evitar a paralisação do governo enfrenta resistência de democratas e de parte dos republicanos na Câmara dos Deputados
O Senado americano chegou ontem a um acordo que garante recursos adicionais ao orçamento pelos próximos dois anos e eleva o teto de endividamento dos EUA até março de 2019. Mas a proposta, que pode evitar a paralisação do governo a partir da meia-noite de hoje, enfrenta resistência de democratas e de parte dos republicanos na Câmara dos Deputados.
A negociação dividiu a oposição no Congresso. Enquanto senadores democratas detalhavam o teor do projeto ao lado de republicanos, deputados do partido diziam que não votariam a favor de um texto que exclui uma solução para o Daca – o programa do ex-presidente Barack Obama que protege da deportação jovens imigrantes levados aos EUA quando eram crianças.
Para forçar a Câmara a decidir o assunto, a líder democrata na Casa, Nancy Pelosi, falou de maneira ininterrupta no plenário por mais de sete horas. Ela exigia que o presidente da Câmara, Paul Ryan, assumisse o mesmo compromisso do presidente do Senado, Mitch McConnell, de permitir a votação de projetos sobre os “dreamers”, como são conhecidos os jovens que chegaram ao país na infância.
“Depois de meses de impasse, esse acordo orçamentário é um genuíno avanço”, declarou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. No mês passado, ele bloqueou a aprovação de uma autorização de gastos, o que levou à paralisação do governo por três dias. Na época, ele condicionou o apoio de sua bancada à solução da situação dos “dreamers”.
Ontem, centenas de jovens imigrantes se manifestaram no Senado para pressionar os parlamentares a incluírem a proposta no texto orçamentário, sem sucesso. Em setembro, o presidente Donald Trump anunciou o fim a proteção dada pelo Daca e disse que o programa acabaria no dia 5 de março, caso o Congresso não aprovasse legislação sobre o assunto.
Deputados e senadores têm agora menos de um mês para encontrar uma saída que prorrogue a proteção contra deportações. Pesquisas indicam que a maioria da sociedade americana é a favor da permanência dos “dreamers” no país.
O acordo fechado ontem amplia os gastos do governo em quase US$ 300 bilhões nos próximos dois anos. O orçamento militar cresceria em US$ 165 bilhões, enquanto a receita de outros programas domésticos teria expansão de US$ 131 bilhões. O aumento de despesas enfrenta resistência de republicanos conservadores do ponto de vista fiscal, que temem o aumento do déficit público. Quanto maior for o número de deserções na bancada, mais Ryan precisará do apoio de democratas para aprovar o projeto. Sem ele, o governo fechará as portas à meia-noite de hoje.