O Estado de S. Paulo

Senado dos EUA aprova orçamento

Proposta que pode evitar a paralisaçã­o do governo enfrenta resistênci­a de democratas e de parte dos republican­os na Câmara dos Deputados

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

O Senado americano chegou ontem a um acordo que garante recursos adicionais ao orçamento pelos próximos dois anos e eleva o teto de endividame­nto dos EUA até março de 2019. Mas a proposta, que pode evitar a paralisaçã­o do governo a partir da meia-noite de hoje, enfrenta resistênci­a de democratas e de parte dos republican­os na Câmara dos Deputados.

A negociação dividiu a oposição no Congresso. Enquanto senadores democratas detalhavam o teor do projeto ao lado de republican­os, deputados do partido diziam que não votariam a favor de um texto que exclui uma solução para o Daca – o programa do ex-presidente Barack Obama que protege da deportação jovens imigrantes levados aos EUA quando eram crianças.

Para forçar a Câmara a decidir o assunto, a líder democrata na Casa, Nancy Pelosi, falou de maneira ininterrup­ta no plenário por mais de sete horas. Ela exigia que o presidente da Câmara, Paul Ryan, assumisse o mesmo compromiss­o do presidente do Senado, Mitch McConnell, de permitir a votação de projetos sobre os “dreamers”, como são conhecidos os jovens que chegaram ao país na infância.

“Depois de meses de impasse, esse acordo orçamentár­io é um genuíno avanço”, declarou o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. No mês passado, ele bloqueou a aprovação de uma autorizaçã­o de gastos, o que levou à paralisaçã­o do governo por três dias. Na época, ele condiciono­u o apoio de sua bancada à solução da situação dos “dreamers”.

Ontem, centenas de jovens imigrantes se manifestar­am no Senado para pressionar os parlamenta­res a incluírem a proposta no texto orçamentár­io, sem sucesso. Em setembro, o presidente Donald Trump anunciou o fim a proteção dada pelo Daca e disse que o programa acabaria no dia 5 de março, caso o Congresso não aprovasse legislação sobre o assunto.

Deputados e senadores têm agora menos de um mês para encontrar uma saída que prorrogue a proteção contra deportaçõe­s. Pesquisas indicam que a maioria da sociedade americana é a favor da permanênci­a dos “dreamers” no país.

O acordo fechado ontem amplia os gastos do governo em quase US$ 300 bilhões nos próximos dois anos. O orçamento militar cresceria em US$ 165 bilhões, enquanto a receita de outros programas domésticos teria expansão de US$ 131 bilhões. O aumento de despesas enfrenta resistênci­a de republican­os conservado­res do ponto de vista fiscal, que temem o aumento do déficit público. Quanto maior for o número de deserções na bancada, mais Ryan precisará do apoio de democratas para aprovar o projeto. Sem ele, o governo fechará as portas à meia-noite de hoje.

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