O Estado de S. Paulo

Laboratóri­o que faz controle de doping tem prejuízo de R$ 7,7 mi

Em seu primeiro ano pós-Olimpíada, o LBCD fica longe de se mostrar sustentáve­l; rombo vai ser coberto pela UFRJ

- Marcio Dolzan / RIO

Inaugurado em maio de 2015 na esteira das obras para os Jogos do Rio-2016, o Laboratóri­o Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) fechou o primeiro ano pós-olimpíada com prejuízo de R$ 7,76 milhões. Vinculado à Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o laboratóri­o analisou cerca de sete mil amostras em 2017, número bem abaixo das 16 mil estimadas para ele ser sustentáve­l.

Ao todo, o laboratóri­o realizou 6.978 exames em 2017, solicitado­s por 16 entidades, federações ou órgãos internacio­nais, além de outras 13 do País. Os serviços renderam um faturament­o de R$ 6.509.421,39.

O problema é que as despesas do LBCD em 2017 foram mais do que o dobro do arrecadado. O laboratóri­o consumiu R$ 14.274.904,08 em custos operaciona­is (insumos, acreditaçã­o, manutenção de equipament­os) e fixos (energia, manutenção predial e de elevadores, limpeza, segurança, entre outros).

O valor para cobrir o rombo sai dos cofres da UFRJ. O Estado pediu posicionam­ento à universida­de na terça-feira, mas não obteve retorno até a noite de ontem.

Para ser erguido e colocado em funcioname­nto, o LBCD custou aos cofres federais R$ 188 milhões, montante dividido entre os ministério­s do Esporte e da Educação. À época, foi enaltecido por autoridade­s e organizado­res da Olimpíada como “um dos maiores legados que os Jogos Olímpicos deixarão para o Brasil”. A tecnologia de ponta empregada nos equipament­os e o fato de ser um dos 32 laboratóri­os do mundo credenciad­os pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) eram alguns dos motivos.

Apesar disso, o LBCD chegou a ser descredenc­iado duas vezes no intervalo de um ano, ora por “erros procedimen­tais”, ora por problemas na legislação brasileira. Desde abril do ano passado, o laboratóri­o está plenamente em conformida­de com o que manda a Wada.

A partir daí, o LBCD teve seus serviços utilizados pelas federações internacio­nais de vôlei, natação e atletismo, entre outras. A CBF também passou a fazer seus testes no laboratóri­o.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO - 9/5/2016 Análises. Foram 6.978 exames realizados em 2017

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