O Estado de S. Paulo

Preço do petróleo ajuda a derrubar Bolsa em 1,34%

Volatilida­de marcou o pregão de ontem, dois dias após o susto com as bolsas americanas; dólar fechou em alta de 0,98%, a R$ 3,27

- Victor Rezende Paula Dias

Dois dias depois do susto com o tombo das bolsas americanas, o principal indicador da Bolsa paulista, o Ibovespa, registrou queda de 1,34%, fechando nos 82.766. As cotações do petróleo foram o fiel da balança para determinar as perdas na sessão de negócios de ontem.

Na primeira parte do pregão, o índice chegou a firmar alta, mas, após divulgação de dados sobre os estoques maiores de petróleo pelo Departamen­to de Energia dos Estados Unidos, os preços apresentar­am forte queda levando a reboque as ações da Petrobrás, que caíram quase 3% e, logo depois, de outras empresas

Por trás dessa movimentaç­ão, dizem analistas, está o receio dos investidor­es com a possibilid­ade de ajustes mais fortes das bolsas americanas, que já devem estar no último ciclo de alta. “O medo de um ajuste mais forte do mercado americano é latente. A falta de apetite pelo risco tem como consequênc­ia a queda nas cotações das commoditie­s e nos mercados de economias ligadas a elas”, disse Rafael Figueredo, da Eleven Financial.

Para Pedro Galdi, analista da Magliano Corretora, a percepção de risco com a cena externa está ligada aos possíveis ajustes da política monetária do Federal Reserve (Fed). “O investidor ainda está atordoado e os mesmos fatores sobre a expansão da economia mundial continuam valendo. Não há nada novo, só que as bolsas subiram muito e agora os mercados estão tomados por um sentimento de cautela”, disse.

Shin Lai, analista da Upside Investor Research, afirma que, além do exterior, há um fator doméstico que ainda conta para a tomada de decisão. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que as discussões para a reforma da Previdênci­a devem se estender até dia 28, e, não até dia 20, quando estava prevista anteriorme­nte a votação do texto.

Muito embora boa parte dos analistas do mercado acionário diga que a não aprovação dessa reforma já está assimilada pelo mercado, Lai ressalta que a sinalizaçã­o de dúvida que o governo e parlamenta­res dão traz incerteza não apenas sobre a votação, mas em como o Brasil ficará num cenário sem ajuste fiscal.

No cenário externo, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,08%; já o índice Nasdaq registrou queda de 0,90%. A Bolsa de Frankfurt avançou 1,60%, enquanto Paris ganhou 1,82% e Milão saltou 2,86%.

Câmbio. O fortalecim­ento do dólar no mercado internacio­nal, impulsiona­do pela queda no preço do petróleo, manteve a moeda americana em alta ante o real durante a maior parte

Pedro Galdi

do dia de ontem. O dólar terminou a sessão de negócios cotado a R$ 3,2747 no mercado à vista, alta de 0,98%, em sintonia com a valorizaçã­o observada ante moedas fortes e emergentes. Pela manhã, a cotação chegou a cair pontualmen­te.

“O investidor ainda está atordoado e os mesmos fatores sobre a expansão da economia mundial continuam valendo. Não há nada novo, só que as bolsas subiram muito e agora os mercados estão tomados por um sentimento de cautela” Cautela

ANALISTA DA MAGLIANO CORRETORA

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