O Estado de S. Paulo

Petrobrás deve cumprir metas, diz Parente

Se ano terminasse hoje com barril a US$ 66, Petrobrás atingiria meta financeira facilmente, diz presidente da estatal

- Fernanda Nunes Denise Luna / RIO COLABOROU MATEUS FAGUNDES

O ano de 2018 começou bem para a Petrobrás, que desde janeiro conta com a ajuda internacio­nal para reduzir o endividame­nto e cumprir o plano de investimen­to. O barril do tipo Brent, negociado em Londres, chegou a US$ 70, o que não acontecia desde dezembro de 2014. Se permanecer nesse patamar, a empresa vai atingir a meta financeira antes do previsto. Em compensaçã­o, se cair para menos de US$ 62, vai ser obrigada a vender mais ativos do que planejava, podendo chegar a US$ 21,5 bilhões apenas neste ano. Atualmente, o esperado é que a estatal se desfaça de US$ 16,5 bilhões.

A meta financeira da Petrobrás é chegar a dezembro com um endividame­nto inferior a duas vezes e meia sua geração de caixa. No terceiro trimestre de 2017, quando divulgou sua última demonstraç­ão contábil, a relação estava em 3,2 vezes a geração de caixa. Se o ano terminasse hoje, com o barril a US$ 66, a meta seria facilmente cumprida, segundo o presidente da companhia, Pedro Parente, que ontem reuniu a imprensa para um encontro de início de ano.

Há mais de um ano a Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep) enxuga os

estoques com cortes programado­s da produção, o que tem contribuíd­o para elevar os preços da commodity. “Com uma relação entre oferta e demanda apertada, qualquer fator geopolític­o afeta o cenário”, diz Ricardo Bedregal, da consultori­a IHS Markit. Os contratos futuros encerraram o pregão de ontem em forte queda, pressionad­os pelo aumento da produção nos EUA, pela valorizaçã­o do dólar e pela retomada das atividades do oleoduto de Forties, o mais importante do Norte da Europa. O Brent para abril cedeu US$ 1,35 (-2,02%), para US$ 66,86.

“Se ficar em US$ 56 ou US$ 58 já será muito positivo para a Petrobrás”, avaliou Bedregal. “Neste ano, tem tudo para a Petrobrás acordar com a alta do petróleo”, opinou Pedro Galdi, analista da Magliano.

Além da contribuiç­ão do cenário internacio­nal, a petroleira ainda conta com a venda de participaç­ões em refinarias para engordar o caixa. Na semana passada, a diretoria se reuniu com investidor­es chineses para discutir a construção do Complexo Petroquími­co do Rio de Janeiro (Comperj), e sociedades em outros ativos de refino do Estado.

Parente não revelou o nome da empresa, mas em outubro do ano passado, já havia antecipado que mantém conversas com a estatal chinesa CNPC, de quem é sócia na área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. “Se o acordo não sair em três meses, é um sinal de que não andou para frente”, disse. /

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