Colômbia inibe entrada de venezuelanos
Caos no vizinho. Presidente Juan Manuel Santos enviará 2,1 mil soldados para patrulhar fronteira com Venezuela; exigência de passaporte e cartões de imigração diminuirá entrada de novos imigrantes porque governo chavista já restringe emissão de documentos
A Colômbia anunciou que 2,1 mil homens das Forças Armadas vão reforçar o controle da fronteira com a Venezuela. Só será permitida a entrada com passaporte ou com cartão de controle de imigração, criado para facilitar o trânsito entre os países e que não será mais expedido. Cerca de 550 mil venezuelanos vivem na Colômbia.
O governo da Colômbia decidiu ontem aumentar o controle de migração e segurança na fronteira com a Venezuela diante do aumento no fluxo de imigrantes vindos do país vizinho nos últimos meses. Segundo o presidente Juan Manuel Santos, 2,1 mil militares serão enviados para patrulhar a fronteira entre os dois países, que tem 2,2 mil quilômetros.
“Os novos controles migratórios serão mais restritos”, anunciou Santos em discurso na cidade de Cúcuta, na fronteira com o Estado venezuelano de Táchira. “A entrada de venezuelanos tem de ser controlada, ordenada e dentro da legalidade.”
O presidente disse que tropas do Exército, Aeronáutica e Marinha serão deslocadas para melhorar o controle sobre rotas irregulares de imigração e contrabando. Só serão permitidos na Colômbia venezuelanos com passaporte ou um cartão de imigração – uma medida limitadora, já que, em virtude da crise financeira, o país vizinho tem restringido até a emissão de documentos.
Além disso, o governo colombiano não expedirá novos cartões de imigração para venezuelanos.
O documento foi criado para facilitar o trânsito de pessoas que vivem na fronteira e muitos venezuelanos contam com ele para vender bens em moeda forte do lado colombiano para fugir da inflação.
O Departamento de Imigração da Colômbia estima que 550 mil venezuelanos vivem no país de forma regular ou irregular. Esse número, calcula a entidade, deve dobrar até o meio do ano.
O governo colombiano tem feito campanhas para evitar a xenofobia contra venezuelanos e pediu ajuda internacional para lidar com a chegada de imigrantes. Em visita à Colômbia, no mês passado, o secretáriogeral da ONU, António Guterres, prometeu ajuda ao esforço humanitário de Bogotá.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, que esteve em Bogotá nesta semana, disse que a Casa Branca estuda realocar recursos destinados à ajuda humanitária na Venezuela para a Colômbia. Essa verba, ainda de acordo com ele, seria usada para receber os refugiados.
Em 2015, quando a crise venezuelana ainda tinha proporções menores que a atual, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, determinou o fechamento da fronteira com o país vizinho após milhares de pessoas a atravessarem, nos fins de semana, em busca de alimentos e remédios em falta na Venezuela.
O impasse durou meses e Maduro acusou o governo da Colômbia de facilitar o contrabando de combustível da Venezuela, onde a gasolina é subsidiada a valores irrisórios. A situação foi normalizada quase um ano depois, após um acordo entre os dois países.