CARAMUJO DE 3 MM SÓ EXISTE NO LOCAL
Espécie foi descoberta por cientistas em 2014
OParque Burle Marx abriga, além de animais e plantas da Mata Atlântica, pelo menos uma espécie endêmica, ou seja, que só ocorre na região. Trata-se de um caramujo, de apenas 3 milímetros, que foi descoberto por uma dupla de cientistas em 2014.
“Quando analisamos, vimos que era um animal novo. E resolvemos apresentá-lo ao mundo”, conta Luiz Ricardo Simone, professor da Universidade de São Paulo (USP). O nome escolhido para o pequeno bicho foi Adelopoma paulistanum, em homenagem à cidade. A descoberta foi publicada na revista científica Journal of Conchology em 2014 e deu base à argumentação do Ministério Público Federal para pedir o veto a empreendimentos.
Simone explica que a existência do caramujo pode indicar que há outras espécies endêmicas na região. “Não só moluscos, mas insetos e até mamíferos. Ele é só a ponta do iceberg”, diz. “Usamos esse animal como bandeira para tentar preservar um pedaço de Mata Atlântica ali.”
Os hábitos do caramujo ainda não foram detalhados. “Estudando isso, talvez descubramos substâncias que façam a maior falta (como opções de tratamentos para doenças).” A espécie está sob análise de órgão técnico federal, com conclusão prevista para este ano. Para Simone, a devastação da área pode comprometer a espécie. “Mesmo que sobrem poucos, não têm reprodutividade e acabam se extinguindo.”
Outro caso. O impacto a espécies nativas é levado em conta na análise de liberação de obras. Em 2007, por exemplo, o Ibama negou licença para hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia, sob argumento de que as obras ameaçavam os peixes dourada e piramutaba. O empreendimento foi liberado depois, com ajustes.