O Estado de S. Paulo

IPCA desacelera e fecha janeiro em 0,29%

Inflação surpreende e atinge o menor nível para o mês da série histórica, levando economista­s a cogitar um novo corte na taxa básica de juros

- Daniela Amorim / RIO Thaís Barcellos Maria Regina Silva / SÃO PAULO

A inflação no País voltou a surpreende­r no primeiro mês do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,29% em janeiro, o menor resultado para o mês de toda a série histórica apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Os preços subiram menos do que as previsões mais otimistas. Isso reacendeu, na opinião de alguns economista­s, a possibilid­ade de um novo corte de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros ou pelo menos de manutenção da Selic no atual patamar por um período mais prolongado.

Com a boa notícia no cenário inflacioná­rio, os contratos de juros de curto e médio prazos fecharam em queda ontem no mercado futuro. A maioria dos analistas ainda acredita que o ciclo de queda da Selic foi encerrado na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central de quarta-feira. Das 38 casas consultada­s após a divulgação dos dados de inflação, quatro esperam um corte adicional de 0,25 ponto porcentual na reunião de março.

“(A Selic) Só cairá mais se a inflação corrente ficar ainda mais baixa, assim como as expectativ­as, e o cenário externo ficar menos volátil, o que acho difícil de acontecer”, avaliou a economista-chefe da ARX Investimen­tos, Solange Srour Chachamovi­tz.

“O BC encerrou o ciclo de queda da Selic em fevereiro? Provavelme­nte sim, mas o IPCA de hoje (ontem) pode abrir espaço para uma queda adicional. O número foi muito baixo e abre espaço para um IPCA mais baixo do que se imaginava”, ponderou o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

Gastos. Em janeiro, as famílias brasileira­s gastaram mais com alimentaçã­o e transporte­s. O litro da gasolina subiu 2,44%. Foi o item de maior impacto sobre o IPCA, origem de um terço da inflação do mês. No supermerca­do, os vilões foram o tomate (45,71% mais caro) e a batata inglesa (alta de 10,85%).

A alta no preço dos alimentos, porém, veio dentro do padrão histórico, afirmou Fernando Gonçalves, gerente da Coordenaçã­o de Índices de Preços do IBGE. Nessa época do ano, de oscilações no clima, a oferta de alguns itens costuma ser afetada. “Já é problema de oferta.”

Por outro lado, a tarifa de energia ficou mais barata. A conta de luz diminuiu 4,73% em janeiro, por conta da substituiç­ão da bandeira tarifária vermelha patamar 1 em vigor em dezembro pela bandeira verde em janeiro, dando fim à cobrança do adicional de R$ 0,03 por kwh consumido. Apenas o item energia segurou a inflação do mês em 0,17 ponto porcentual.

Apesar da manutenção da bandeira verde incidente sobre as contas de luz, reajustes previstos em alguns itens monitorado­s devem pesar na inflação de fevereiro. Entre os mais caros em algumas regiões estão serviços de água e esgoto, gás encanado, ônibus urbano, táxi, trem, metrô, ônibus intermunic­ipal e pedágio. “Provavelme­nte Educação vai pesar mais”, previu Gonçalves.

A inflação de fevereiro costuma captar os reajustes escolares. Por isso, a expectativ­a é de ligeira aceleração do IPCA, segundo a Tendências Consultori­a Integrada. “Em contrapart­ida, é esperada desacelera­ção dos preços dos alimentos, em linha com o repasse das pressões baixistas recentes do atacado para o varejo”, lembra Marcio Milan, analista da Tendências.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: IBGE

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