O Estado de S. Paulo

BC torna mais rigorosos créditos para Estados e municípios

Bancos terão de ter reserva maior de capital se aceitarem como garantias fundos repassados pela União

- Fabrício de Castro/ BRASÍLIA

O Banco Central apertou as regras para que bancos concedam crédito a Estados e municípios. Uma norma aprovada ontem pela diretoria do BC impõe às instituiçõ­es financeira­s que apresentem reserva maior de capital sempre que aceitarem como garantia para os empréstimo­s os recursos de fundos repassados pela União – Fundo de Participaç­ão dos Estados (FPE) e Fundo de Participaç­ão dos Municípios (FPM).

A restrição ocorre uma semana depois de o Estadão/Broadcast revelar que a Caixa Econômica Federal aprovou empréstimo­s a Estados e municípios sem o aval do Tesouro Nacional, recebendo como garantia receitas tributária­s, o que é vedado pela Constituiç­ão. Na última terça-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão dessas operações e cobrou providênci­as do BC.

De acordo com o BC, a medida tomada ontem não impede o uso dos fundos como garantia, mas exige que os bancos tenham mais reserva de capital para efetivar a operação, já que o FPE e o FPM não serão mais usados para mitigação do risco.

O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Ribeiro Damaso, afirmou que, com a nova regra, numa operação de R$ 100, por exemplo, o capital adicional requerido do banco vai variar entre R$ 8,50 e R$ 11,00. “Essa norma não impede nem inviabiliz­a a concessão de crédito para Estados e municípios”, pontuou o diretor do BC.

Estoque. A nova regra, disse o diretor do BC, vale para todos os empréstimo­s a serem concedidos a Estados e municípios daqui para frente. Os empréstimo­s antigos seguem sujeitos às regras até então em vigor. “O estoque dessas operações com garantia do FPE e do FPM está na ordem de R$ 42 bilhões.”

O diretor do BC afirmou que eventual aumento do nível de risco e da inadimplên­cia nas operações que já estão em estoque vai levar a ajustes de provisiona­mento.

De acordo com Damaso, a medida foi tomada levando-se em conta a situação fiscal de Estados e municípios e o atual debate sobre a legalidade das garantias oferecidas. Damaso afirmou, porém, que há 30 anos havia consenso sobre a legalidade da utilização dessas garantias. O comentário do diretor do BC acompanhou a mesma alegação feita pelo presidente da Caixa, Gilberto Occhi. O diretor disse ainda que, quando houver uma decisão do TCU sobre a questão, o BC vai prontament­e adotar as medidas cabíveis. “Quando o TCU fizer essa recomendaç­ão, vamos adotar as recomendaç­ões de pronto”, disse.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-9/1/2018 Regras. BC libera uso de fundos em créditos a Estados e municípios mas com ressalvas

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