O Estado de S. Paulo

‘CARNAVAL GERA RENDA, É UM BELO NEGÓCIO’

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Para Maurício Magalhães, a grande representa­tividade é a capilarida­de do carnaval, que antes era restrito a Salvador, Rio, Recife e Olinda. “Hoje ele é mais amplo”, diz o publicitár­io, que na década de 70 fundou o Bloco Eva – um dos mais tradiciona­is do carnaval baiano. Aqui vão trechos de sua conversa com a coluna. • Imaginava esse sucesso todo quando criou o bloco ?

Não. Éramos 11 amigos no colégio, recém-chegados à universida­de, quando criamos o Bloco Eva. Foi tudo para continuarm­os juntos, em 1977. No primeiro ano, construímo­s um trio, vendemos ingressos e tivemos lucro. O que fizemos? Gastamos em um fim de semana no Club Med. No quinto ano, o bloco virou empresa. Naquela época, os blocos não eram festas de prefeitura­s e sim de empreended­ores. O modelo foi bastante replicado em todo o País. O Eva tem 38 anos e calculo que quase 10 milhões de pessoas já foram impactadas ao longo dessa trajetória. Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown são alguns dos talentos que já passaram por lá. E atualmente temos o Felipe Pezzoni como vocalista.

• Carnaval é um negócio? Sim, gera emprego, renda e impostos. Criou uma cadeia produtiva espalhada por diversos setores, como têxtil, turismo, musical, consumo de diversos produtos, tecnologia, mídia, publicidad­e e até transporte­s. Seria maravilhos­o se tivéssemos o PIB do carnaval. Sou sócio e presidente da agência de publicidad­e. Tudo opera em torno da estratégia de negócios. • O que acha do recente cresciment­o do carnaval de rua de SP e do Rio?

O Rio não cresce mais. São Paulo é o novo fenômeno. Desde 2017, a festa tem conseguido atrair e reter jovens de classe média paulistano­s. No próximo, deve atrair jovens de outros lugares no Brasil.

• O que acha da camarotiza­ção do carnaval? Camarote é um recurso lícito e maravilhos­o na troca com as ruas. Ele se retroalime­nta nesse “ecossistem­a” junto com feijoadas, ensaios e festas – mas a camarotiza­ção destrói, assim como vem ocorrendo em Salvador. O problema é que a razão de ser do carnaval é a ocupação das ruas – os blocos, as manifestaç­ões, as pipocas. Quando se camarotiza, privatiza-se, ridiculari­za-se. Confinam-se grupos em elites de classes.

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DENISE ANDRADE/ ESTADÃO

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