O Estado de S. Paulo

CAMPEÃ DE 2017 RECICLA FANTASIAS

- PAULA REVERBEL /

Vencedora dos desfiles do Anhembi no ano passado, a escola Acadêmicos do Tatuapé – que entra no sambódromo hoje – não recebe patrocínio e apostou no reaproveit­amento de pedras, penas e outros materiais para poupar cerca de R$ 800 mil este ano.

De acordo com Eduardo dos Santos, o presidente da escola, mais de 90% das fantasias são recuperada­s depois do carnaval. Para explicar o espírito por trás da ação, ele cita um samba-enredo da Salgueiro de 1986: “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso!”

Como funciona a reciclagem das fantasias? Os associados – as únicas pessoas que têm o direito de desfilar pela escola – só pagam uma anuidade, de meros R$ 80. Mas, terminadas as festas, eles têm que devolver tudo que usaram. Os materiais vão parar nas mãos de uma equipe de ateliê, que desfaz a fantasia, estoca e faz um inventário do que deu pra recuperar.

“Este ano, alguns materiais estão sendo usados pela sexta, sétima vez”, explicou Santos à coluna. Além da economia, ele garante que a tradição traz bons resultados para o desfile da escola. “É melhor para a participaç­ão dos associados nos ensaios. Não dá para comprar a fantasia na véspera, as nossas estavam esgotadas desde o final do ano passado.”

Algumas das alas são comerciali­zadas por inteiro – com fantasias, esculturas e decoração – a outras escolas de samba menores, que também economizam ao comprar material usado e assim podem, de quebra, trabalhar em cima do que foi entregue pela Tatuapé.

Segundo Eduardo, a maior parte do dinheiro que a escola gasta para fazer o carnaval ainda vem dos valores que são repassados – por igual – a todas as 14 escolas do Grupo Especial de São Paulo. Os recursos. Além do que se consegue na Prefeitura, há recursos da venda de direitos de transmissã­o, de ingressos e da exploração comercial da publicidad­e durante os desfiles.

Para complement­ar, a escola arrecada bilheteria nos ensaios. Mas o presidente diz que a situação financeira está longe da ideal. “Não conseguimo­s ter tantas condições quanto as outras escolas. A nossa quadra é a única do Grupo Especial que fica embaixo de um viaduto...”

Autorizada a captar R$ 1,3 milhão pela Lei Rouanet, a Tatuapé conseguiu, até agora... nada. Zero. “A lei de incentivo foi aprovada muito em cima da hora”, criticou Santos.

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FÁBIO BATISTA/ACADÊMICOS DO TATUAPÉ

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