PINACOTECA
Percorrer as mais de dez salas do acervo do museu possibilita uma boa leitura da trajetória da arte brasileira, desde a tradição colonial até períodos mais recentes. Vale mencionar que esse percurso é facilitado pelo trabalho curatorial, que dispõe, pelas galerias, textos que funcionam como uma linha do tempo da produção nacional. Descobrimos, por exemplo, como a presença dos holandeses e, mais tarde, de artistas viajantes estabeleceria uma tradição pictórica num ambiente até então bastante marcado por obras tridimensionais. Ah, e a coleção da Pinacoteca se renova. Recentemente, o museu incorporou ‘Os Desastres da Guerra’, de Dora Longo Bahia, uma série de pinturas em que ela se apropria de imagens de conflitos. Pça. da Luz, 2, 3324-1000. 10h/ 18h (fecha 3ª). R$ 6 (sáb., grátis). ➨ Fora das salas expositivas, o museu exibe, em seus corredores, uma galeria voltada ao público com deficiência visual. São 12
esculturas táteis de seu acervo, criadas entre os séculos 19 e 20 por nomes como Rodolfo Bernardelli, Victor Brecheret, Bruno Giorgi e Amilcar de Castro.
➨ Almeida Júnior é um nome proeminente na coleção. Lá, fica evidente a variedade de sua produção, que contempla pinturas de paisagens, retratos históricos, cenas domésticas e do universo caipira paulista. ‘O Violeiro’ (foto) pertence a essa última fase.
➨ Em uma das principais salas – onde estão expostas as famosas obras ‘O Mestiço’ (1934), de Candido Portinari, e ‘Emigrantes III’ (1936), de Lasar Segall – descobrimos a influência de Almeida Júnior na produção de
grandes nomes do modernismo. Sua representação do universo caipira inspirou, por exemplo, o retrato de caboclos, tema que, ligado à busca por uma identidade nacional, seria frequentemente explorado por artistas como o próprio Portinari, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Em ‘Tropical’ (foto), também pertencente à sala, a figura miscigenada retratada em 1916 por Anita aparece em meio à natureza brasileira, outro motivo bastante adotado pelos artistas do período.