TOQUE DE CLASSE NA LATERAL DO BRASIL
Forjado no futsal, ele prima pela habilidade
Foi no futsal, esporte que lapida muitos dos craques para o futebol de campo, que Marcelo Vieira da Silva Júnior começou a se destacar. Das quadras do Fluminense, partiu para os campos de Xerém, em Duque de Caxias, onde o clube carioca trabalha suas categorias de base. Mudou do piso de madeira para o de grama em 2002, aos 14 anos. Chegou para ser centroavante, mas os técnicos logo perceberam que ele seria mais útil na lateral-esquerda.
Pelo lado do campo, três anos mais tarde Marcelo era titular do time principal e ajudou o Fluminense na conquista do Campeonato Carioca de 2005. A capacidade de drible e o poder de apoio logo chamaram a atenção dos europeus. Em 2007, já estava a serviço do Real Madrid.
No clube merengue, o lateral-esquerdo tinha como missão substituir Roberto Carlos, ídolo da torcida e titular da seleção brasileira pentacampeã mundial de 2002. O antecessor, aliás, é apontado pelo próprio Marcelo como um dos responsáveis por seu sucesso.
“Ele (Roberto Carlos) me ajudou muito em minha chegada. Me facilitou as coisas, me levou para casa com sua família, me deu seu número de telefone”, contou, ao renovar contrato com o Real no ano passado. “Não é normal que se porte tão bem com um jogador que chega para competir pela mesma posição, mas me ajudou muito. Além de ídolo, é meu amigo.”
Apesar da pressão e das inevitáveis comparações que teria com Roberto Carlos, Marcelo se impôs, foi ganhando seu espaço e nunca mais deixou o clube espanhol. Ele renovou contrato ano passado até 2022, e se cumprir o novo acordo terá jogado por um dos clubes mais importantes do mundo por 15 anos. Tarefa para poucos.
Os números ajudam o jogador a sustentar o status de titular do Real Madrid e da seleção. Os últimos quatro técnicos – Mano Menezes, Felipão, Dunga e Tite – convocaram Marcelo.
Em 2017, o lateral-esquerdo foi o atleta do Real Madrid que mais deu passes para gol: foram 12 assistências ao longo do ano, superando o alemão Toni Kroos (9), os espanhóis Carvajal e Isco (8), o português Cristiano Ronaldo e o francês Benzema (7 cada um).
O desempenho no ano foi tão bom que Marcelo foi o atleta que mais recebeu votos para integrar a seleção ideal da Uefa, eleita pelo jornal esportivo francês L’Équipe – Neymar e Daniel Alves foram os outros brasileiros.
Pelo Brasil, o lateral chegou a 51 partidas no empate com a Inglaterra, em amistoso disputado em novembro. A passagem inclui dois Jogos Olímpicos – foi bronze em Pequim-2008 e prata em Londres-2012 –, a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. A eficiência é um dos motivos de Marcelo ter sido titular nessas competições e pelo qual, salvo uma reviravolta improvável, será também na Rússia no meio do ano.
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