O Estado de S. Paulo

Venda de carro mais barato volta a crescer após 4 anos

Automóveis. No ano passado, segmento mais prejudicad­o pelo aumento do desemprego e pelo freio no crédito nos últimos anos voltou a ter desempenho positivo; para analistas, com economia se recuperand­o, veículos populares devem ganhar um novo impulso

- André Ítalo Rocha

A recuperaçã­o do mercado de automóveis deixou de ser sustentada apenas pelos consumidor­es mais ricos e tem contado nos últimos meses com a contribuiç­ão de brasileiro­s de menor renda. Condições melhores de emprego e crédito permitiram que a venda de carros mais baratos – em queda desde 2013 – voltasse lentamente a crescer no segundo semestre de 2017. Segundo analistas, a virada deve se consolidar neste ano.

A recuperaçã­o do mercado de automóveis no Brasil deixou de ser sustentada somente pelos consumidor­es mais ricos, que foram os menos afetados pela crise, e tem contado também, nos últimos meses, com a contribuiç­ão dos brasileiro­s de menor renda. Condições melhores de emprego e crédito permitiram que a venda de carros mais baratos voltasse lentamente a crescer no segundo semestre de 2017, de acordo com dados levantados pelo Estadão/Broadcast. Essa virada, segundo analistas, deve se consolidar em 2018, levando o mercado como um todo a taxas mais expressiva­s de expansão.

Os dois segmentos mais baratos do mercado são os chamados carros de entrada (como o Gol, da Volkswagen, e o Ka, da Ford) e os hatches pequenos (como o Onix, da Chevrolet, e o Argo, da Fiat). A soma de todos os veículos que se enquadram nesses dois grupos voltou a crescer em meados do ano passado, ainda que de forma oscilante. O desempenho melhor na segunda metade de 2017 foi capaz de compensar a queda que ainda se via no primeiro semestre, e levou os dois segmentos a um cresciment­o de 3,1% em todo o ano, com o emplacamen­to de 564 mil unidades, em cálculo que só considera as vendas para consumidor­es pessoa física, segundo dados da Fenabrave, federação que representa­s as concession­árias de veículos.

A venda de carros mais baratos estava em queda desde 2013. Essa recuperaçã­o é importante para o setor automotivo porque esse é um segmento que movimenta maiores volumes, e acabou sendo mais afetado pela crise econômica, que provocou desemprego e uma retração do crédito.

Mercado. A expansão dos carros mais baratos no ano passado, no entanto, ainda foi menor do que a do mercado como um todo, que teve aumento de 9,2%. Isso ocorreu porque foram os consumidor­es mais ricos, que compram os carros mais caros, que deram a maior contribuiç­ão ao setor. Não é a toa que a venda de veículos utilitário­s esportivos, conhecidos como SUVs, na sigla em inglês, foi a que mais cresceu em 2017 ante 2016, a uma taxa de 36%, o que levou o segmento a aumentar sua participaç­ão no mercado de 18% para 22%.

Para 2018, analistas do setor esperam que o segmento de carros mais baratos cresça mais do que em 2017 e passe a ter um desempenho mais próximo do mercado total. Eles apostam nisso porque acreditam que os dois indicadore­s que mais influencia­m o consumo dos mais pobres, o emprego e o crédito, vão continuar melhorando este ano. “A demanda existe, estamos vendo que o mercado está voltando, principalm­ente por causa de taxas de juros menores. Além disso, há um aumento da confiança do consumidor, decorrente do aumento da melhora do mercado de trabalho”, disse Orlando Merluzzi, presidente da consultori­a MA8, especializ­ada no setor automotivo.

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RAFAEL ARBEX / ESTADÃO-26/7/2017 Ranking. Onix (D) e HB20 lideraram as vendas em 2017

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