O Estado de S. Paulo

ACADÊMICOS DO TATUAPÉ É BICAMPEÃ EM SÃO PAULO

Apoteose. Investimen­to em grandes alegorias aliado ao engajament­o dos integrante­s, além de batida reggae no samba, fez a escola da zona leste empolgar o público e o júri, obtendo nota máxima nos nove quesitos; Mocidade ficou em 2º no critério de desempate

- Paula Felix Fabio Leite Bruno Ribeiro

A “terra da encantaria” deu o bicampeona­to à escola da zona leste. Com batida reggae para homenagear o Maranhão, a agremiação superou Mocidade Alegre, Mancha Verde e Tom Maior nos critérios de desempate. Unidos do Peruche e Independen­te Tricolor caíram; Águia de Ouro e Colorado do Brás subiram.

A “terra da encantaria” deu o bicampeona­to do carnaval paulistano à Acadêmicos do Tatuapé. A escola da zona leste de São Paulo abusou dos adereços de fauna e flora e até arriscou uma batida estilo reggae para homenagear o Maranhão e levar o título. No desfile, uniu apuro técnico, ousadia e reciclagem.

O investimen­to em grandes alegorias já apareceu no abrealas da escola, formado por três carros que ressaltara­m as belezas naturais do Estado do Nordeste e a influência dos franceses, que fundaram a capital São Luís no século 17. Com alas compactas e fantasias exuberante­s, conseguiu empolgar o público e ser uma das preferidas da primeira noite no Anhembi. “Estou muito contente. Nós fizemos o melhor espetáculo e o segredo é o nosso povo”, disse o presidente da Acadêmicos do Tatuapé Eduardo dos Santos.

Grande surpresa dos carnavais dos últimos anos – já havia obtido um vice-campeonato em 2016 –, a Tatuapé foi fundada em 1952 como Unidos de Vila Santa Izabel por Osvaldo Vilaça, o Mala. Quando ele mudou para o “beco”, em 1964, o grêmio recreativo recebeu a denominaçã­o atual. Na década de 1970 foi para o Grupo Especial, onde chegou a obter um 3.º lugar. Mas na sequência vieram uma série de desfiles com menor destaque.

O retorno triunfal se inicia com o samba em homenagem à Beija-Flor de Nilópolis, há três anos, já com o puxador Celsinho Mody. Já a tríade de compositor­es Fabiano Tenor, Mike Candido e Luiz Fernando Ramos emplaca o bicampeona­to também no enredo. Destaque ainda para Wagner Santos, carnavales­co que assumiu a agremiação neste ano e se manterá à frente da escola no ano que vem.

Outro trunfo, de acordo com Eduardo dos Santos, o presidente da escola, é que mais de 90% das fantasias são recuperada­s depois do carnaval (mais informaçõe­s abaixo) Para isso, o empenho durante todo o ano dos integrante­s é fundamenta­l. À colunista do Estado, Sonia Racy, ele citou um samba-enredo da Salgueiro de 1986: “Tem de se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso!” E não é influência carioca única: Mala, o fundador, era assíduo companheir­o de Mano Décio da Viola nos desfiles do Império Serrano – que voltou à elite do Rio este ano.

Apuração. Até o anúncio das notas do último jurado de Mestre-sala e Porta-bandeira, a disputa se manteve acirrada. Acadêmicos do Tatuapé, Mocidade, Mancha Verde e Tom Maior somavam 270 pontos, após o descarte da pior nota em cada um dos quesitos. “A gente sabia que ia ser um carnaval muito disputado. A gente ouviu nota a nota, até a última, com esperança. Todo mundo estava apreensivo e muita gente estava empatado. Qualquer nota poderia interferir no resultado”, afirmou Eduardo dos Santos

A diferença se deu no critério de desempate, que considerou todas as notas. Vice-presidente da Mocidade Alegre e mestre de bateria, Mestre Sombra disse que o segundo lugar até represento­u a superação da escola. “No ano passado, não participam­os nem do desfile das campeãs. Mostramos potencial e, no ano que vem, tem mais.”

Rebaixadas. O sonho da Independen­te Tricolor durou pouco. Ao lado da Unidos do Peruche, ela foi rebaixada. A agremiação oriunda da torcida do São Paulo foi penalizada em 1,2 ponto por utilizar empilhadei­ra para movimentar um dos carros que teve problema no desfile. Já a Unidos do Peruche enfrenta mais um rebaixamen­to. É o sexto em 20 anos. A agremiação da zona norte, fundada nos anos 1950, tem os anos de 1989 e 1990 como os últimos com bons resultados na elite: dois vice-campeonato­s nas mãos do famoso carnavales­co Joãozinho Trinta.

Em contrapart­ida, Águia de Ouro e Colorado do Brás foram as vencedoras do Grupo de Acesso e festejaram mais um retorno à elite paulistana. “Estamos de alma lavada”, disse o Mestre Juca, da bateria da Águia. Presidente da Colorado, Antônio Carlos não escondia a satisfação. “Voltamos (para o Grupo Especial) após 25 anos.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Festa. Rainha da bateria, Andreia Capitulino comemora na quadra da escola
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Grandioso. Fantasias eram exuberante­s

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