O Estado de S. Paulo

INFRAESTRU­TURA

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Saneamento das mentes

Gostei muito do editorial O saneamento e a lei (13/2, A3), em que o Estado vergasta a defesa que o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, fez de um tipo de financiame­nto vetado pela Constituiç­ão federal, a saber, empréstimo­s da Caixa Econômica Federal com garantia de receitas tributária­s de entes federados para investimen­to em saneamento básico. “A prioridade do saneamento não justifica o descumprim­ento da Constituiç­ão”, pondera o editorial, que diz haver, sim, dinheiro para as obras, mas admite as dificuldad­es da “imensa maioria das prefeitura­s” de as executarem, por “inépcia administra­tiva”: não conseguem elaborar projetos com mínima viabilidad­e técnica. Sendo esse o diagnóstic­o – digamos assim –, intuo que a vergonhosa situação do saneamento básico no Brasil deva ainda prolongar-se por décadas (se não séculos!), posto que nada faz supor a pronta superação, pelos municípios brasileiro­s, das dificuldad­es apontadas. Se é assim, por que não se viabiliza a transferên­cia do ônus relacionad­o à elaboração dos projetos para empresas de engenharia devidament­e credenciad­as, com os custos distribuíd­os entre os três entes federativo­s? Dito de outra forma, se os municípios não conseguem fazer os projetos, que outros, devidament­e capacitado­s, o façam – sendo remunerado­s por isso. Penso que antes de pretenderm­os resolver o saneamento básico precisamos começar a sanear as cabeças e algumas práticas administra­tivas avoengas, sabidament­e ineficazes.

SILVIO NATAL silvionata­l49@gmail.com

São Paulo

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