O Estado de S. Paulo

Violência é tema de campanha da Igreja

- BRASÍLIA

Após dois anos com temáticas ambientais, a Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aproveita a campanha que promove anualmente em todas as dioceses do País para discutir a superação da violência com base em uma cultura de paz. O tema foi escolhido ainda em 2016, ano em que o Brasil teve recorde de mortes violentas intenciona­is, como homicídios e latrocínio­s: 61.619 vítimas, o equivalent­e a 168 por dia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O mote deste ano se ampara no lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O texto lembra que ações violentas podem começar em casa e por isso é necessário criar uma cultura de paz.

Mas para o secretário executivo da Campanha da Fraternida­de (CF), padre Luís Fernando, a superação da violência também “exige comprometi­mento e ações envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes constituíd­os para a formulação de políticas públicas emancipató­rias”. A cobrança por ações governamen­tais deve estar entre as chaves do debate, uma vez que o tema da CF 2019, já escolhido, é justamente “Fraternida­de e Políticas Públicas”.

O texto-base da campanha destaca que “o Estado combate as consequênc­ias, mas não as causas” da violência. Ressalta ainda que a descrença na segurança pública e a certeza da impunidade levam a população a viver encarcerad­a. O lançamento da CF será na sede provisória da CNNB, em Brasília, e terá a presença da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.

Discussão. Entre as propostas apresentad­as pela CNBB está a Justiça restaurati­va, que chegou ao País há dez anos e é incentivad­a pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também presidido por Cármen. A ideia é escutar agressores e agredidos e buscar soluções intermediá­rias que não só a punição. O texto defende a Lei Maria da Penha, o Estatuto do Desarmamen­to e várias legislaçõe­s de direitos humanos.

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