O Estado de S. Paulo

Eleição é o maior risco para retomada, dizem analistas

Avaliação é que, caso não haja clareza do futuro da economia, financiame­ntos podem voltar a ser travados

- A.I.O.

Para Orlando Merluzzi, da consultori­a MA8, está chegando o momento em que os brasileiro­s que compraram carro em 2011 e 2012, período em que, estimulada­s por uma oferta de crédito mais fartas, as vendas bateram recorde, vão começar a trocálos por modelos mais novos. À época, o consumo foi aquecido por taxas de juros mais baixas e incentivos fiscais concedidos pelo governo.

Os anos seguintes, no entanto, foram marcados pelo aumento da inadimplên­cia, por parte daqueles que não conseguira­m quitar seus financiame­ntos, e, mais recentemen­te, pelo aumento do desemprego. Segundo dados do Banco Central, essa “farra” do crédito, especialme­nte em 2010 e 2011, deixou um rombo de R$ 22,8 bilhões para as instituiçõ­es financeira­s. Tais condições levaram os bancos a serem mais rigorosos na hora de aprovar o crédito.

Agora, o crédito começa lentamente a ser liberado novamente. Segundo a Fenabrave, o nível de aprovação dos bancos, que durante a crise era de três a cada 10 pedidos, subiu para quatro a cada 10 pedidos no fim do ano passado.

O que ameaça essa melhora, segundo os analistas, é o risco político. As eleições que se aproximam estão no radar dos bancos e dos próprios consumidor­es. “Os candidatos a presidente que temos ou vão levar o Brasil para a realidade, com o corte de gastos, ou para o contrário, que é o populismo. Como o carro mais barato é bastante financiado, e o prazo de financiame­nto costuma ser de quatro anos, que é justamente o período de um mandato, os financiame­ntos podem ser travados caso não haja muita clareza do que vem por aí”, disse Arnaldo Brazil, diretor da consultori­a SellOut 3.

Tanto Merluzzi quanto Brazil esperam que o mercado em 2018 cresça em ritmo similar ao da projeção oficial das principais entidades do setor. A Anfavea, que representa as montadoras, fala em avanço de 11,7%, e a Fenabrave, das concession­árias, aposta em uma taxa de 11,8%. E a venda de automóveis mais baratos, segundo os analistas, deve seguir a mesma tendência. Em 2017, os segmentos de carros de entrada e hatchs pequenos representa­m cerca de 50% de todos os automóveis vendidos para pessoa física.

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