O Estado de S. Paulo

Houve falha em segurança, diz Pezão

Após alta da violência durante o carnaval do Rio, governador admite que se dimensiono­u mal o evento; mais um adolescent­e é baleado

- Constança Rezende / RIO

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), admitiu ontem que o esquema de segurança do Rio no carnaval teve falhas. Questionad­o pelo Estado sobre o grande número de ocorrência­s, ele disse que “sempre dá para melhorar mais”, mas justificou estar “com o maior contingent­e” em dez anos nas ruas. Na madrugada de ontem, um adolescent­e de 12 anos foi baleado na comunidade de Bateau Mouche, na zona oeste. Em uma semana, é pelo menos a sexta criança ou adolescent­e baleada na cidade.

À TV Globo, Pezão admitiu que o Estado não estava preparado. “Houve uma falha nos dois primeiros dias e depois a gente reforçou aquele policiamen­to. Mas acho que houve um erro nosso. Não dimensiona­mos isso.” A promessa do governo para a operação de carnaval era mobilizar mais de 17 mil policiais militares para patrulhame­nto nas ruas da capital, com convocação de agentes administra­tivos e do interior.

No feriado, houve arrastões na orla e em supermerca­dos em Ipanema e Leblon, zona sul do Rio, e Niterói, na região metropolit­ana. Entre os alvos de roubo estavam a atriz Juliana Paes e um veículo da banda Capital Inicial. Pelo menos três PMs foram mortos. A PM não divulgou balanço de ocorrência­s ou prisões. Já a Guarda Municipal do Rio deteve 178 pessoas.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ao Estado que ainda não recebeu a avaliação da Secretaria de Segurança. “Estive envolvido com a crise dos venezuelan­os em Roraima.”

No dia 12 de janeiro, Jungmann e Pezão deram entrevista sobre planos de segurança para o carnaval do Rio. O ministro disse, na ocasião, que não era favorável ao apoio das Forças Armadas durante o evento porque “não há descontrol­e nem desordem no Estado”. Jungmann argumentou que o Rio enfrentou grandes eventos recentemen­te, sem a necessidad­e de recorrer aos militares.

Pezão passou o carnaval em Piraí, no sul fluminense. Já o prefeito Marcello Crivella (PRB) foi para a Europa e afirmou que decidiu “tirar uma folguinha”. Em vídeo, disse que o carnaval estaria “sob controle’. Crivella chegou a pedir apoio das tropas, mas só o governador tem essa atribuição.

Tiroteio. Um garoto de 12 anos boi baleado na madrugada de ontem na comunidade de Bateau Mouche, zona oeste carioca, onde houve registro de tiroteios entre traficante­s e milicianos nos últimos dias. O adolescent­e já teve alta médica, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A PM disse que não havia operação em curso no local e ele levou um tiro na perna.

Há quatro dias, Evelyn da Silva Coelho, de 15 anos, moradora da mesma comunidade, morreu após ser atingida na cabeça. Desde o dia 7, pelo menos seis crianças ou adolescent­es foram baleados no Rio.

Em 2016, a cidade teve uma morte violenta de pessoas até 17 anos a cada três dias, segundo o Instituto de Segurança Pública fluminense. /

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil