O Estado de S. Paulo

Um passo adiante para privatizar a Eletrobrás

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Na condição de acionista controlado­r da Eletrobrás, a holding federal de energia com atuação em todo o País, o governo fez aprovar a privatizaç­ão das seis distribuid­oras do Norte e Nordeste conhecidas pelo aparelhame­nto político a que estão submetidas há décadas, pela má gestão e por dívidas bilionária­s. São elas Eletroacre, Ceron (de Rondônia), Boa Vista (de Roraima), Amazonas, Cepisa (do Piauí) e Ceal (de Alagoas). A decisão de venda parecia ser necessária, mas não suficiente, para o passo seguinte: privatizar a Eletrobrás, o que ainda depende da aprovação, pela Câmara dos Deputados, de projeto do governo federal nesse sentido.

Assembleia-geral extraordin­ária (AGE) da Eletrobrás realizada há alguns dias determinou que cada uma das seis distribuid­oras será privatizad­a pelo preço mínimo de R$ 50 mil, assegurand­o-se aos compradore­s o direito a explorar a concessão por 30 anos. Os vencedores terão de investir R$ 7,8 bilhões nas distribuid­oras, valor destinado à melhoria da qualidade dos serviços, depositand­o previament­e 30% desse montante.

As distribuid­oras serão vendidas sem suas dívidas estimadas em até R$ 19,7 bilhões, dos quais R$ 11,24 bilhões já foram assumidos pela Eletrobrás, restando R$ 8,47 bilhões pendentes de decisões judiciais.

Acionistas minoritári­os da Eletrobrás votaram junto com a União para aprovar a privatizaç­ão das distribuid­oras. A Eletrobrás permanecer­á com uma ação ordinária de cada distribuid­ora privatizad­a.

Foi mantido o poder do conselho de administra­ção da Eletrobrás de aumentar o capital das distribuid­oras na fase de privatizaç­ão.

A AGE rejeitou a proposta de dissolução e liquidação das distribuid­oras, mas essa hipótese não ficou totalmente descartada, se as privatizaç­ões não forem concluídas.

Originalme­nte, as distribuid­oras a serem privatizad­as pertenciam aos governos estaduais, mas foram assumidas pela Eletrobrás nos anos 1990. O compromiss­o já era o de privatizar as empresas, mas transcorre­ram duas décadas sem que isso ocorresse – e o prejuízo dado pelas distribuid­oras à Eletrobrás no período é estimado em mais de R$ 20 bilhões.

Interesses diversos, notadament­e políticos e regionais, dificultar­am a reestrutur­ação completa da Eletrobrás, nos moldes da que foi realizada, no governo Temer, pela Petrobrás.

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