O Estado de S. Paulo

São Vicente cobra R$ 1,9 milhão de pais de Neymar

Prefeitura alega que empresa que administra carreira do craque não recolheu ISS da venda do Santos para o Barcelona

- Raphael Ramos

A prefeitura de São Vicente (SP) cobra na Justiça R$ 1,9 milhão dos pais de Neymar. Segundo o município, a empresa que administra a carreira do craque não recolheu ISS na venda para o Barcelona. A família nega a dívida.

A prefeitura de São Vicente, cidade no litoral paulista, acusa os pais de Neymar de não pagar impostos e está cobrando R$ 1,9 milhão da família do jogador na Justiça. Segundo a prefeitura, a N&N Consultori­a Esportiva e Empresaria­l, empresa que tem Nadine Gonçalves da Silva Santos e Neymar da Silva Santos como sócios-proprietár­ios, não recolheu o ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) sobre a intermedia­ção da venda do atleta do Santos para o Barcelona, em 2013. A empresa de Neymar nega a dívida (veja ao lado).

À época, a N&N estava sediada em São Vicente. A empresa, responsáve­l por gerir a carreira do craque do Paris Saint-Germain, iniciou as atividades na cidade em outubro de 2011, mas só encerrou as operações em São Vicente em 2014, quando mudou sua sede para a vizinha Santos. De modo que suas atividades, de acordo com o entendimen­to da prefeitura local, caracteriz­am prestação de serviço.

A N&N também é alvo de investigaç­ão do Ministério Público Federal por causa da transação envolvendo a saída de Neymar do Brasil para a Espanha. A acusação é de que a empresa recebeu em 2011 um empréstimo de ¤ 10 milhões (R$ 40,2 milhões pela cotação atual) do Barcelona e mais ¤ 30 milhões (R$ 120,8 milhões) em 2013. As duas transações, segundo o MPF, foram feitas exclusivam­ente com o objetivo de sonegar impostos devidos ao Fisco brasileiro.

É sobre esse segundo montante que a prefeitura de São Vicente está cobrando o pagamento do ISS. O valor exato da cobrança é de R$ 1.957.321,64. Segundo a prefeitura, os débitos são referentes ao ano-base de 2014 e a N&N foi inscrita na dívida ativa do município em 2016.

No entendimen­to da prefeitura de São Vicente, a N&N prestou serviços na cidade ao intermedia­r a venda do jogador para o Barcelona, antes da Copa. Por isso, deveria recolher o ISS.

A empresa assinou um contrato com o Barcelona em 15 de novembro de 2011 que garantiria a futura cessão dos direitos federativo­s e econômicos do atleta ao clube catalão e, então, recebeu os ¤ 10 milhões de empréstimo. Outros ¤ 30 milhões seriam pagos em setembro de 2014, quando Neymar deveria se transferir ao Barcelona. Se esse prazo fosse desrespeit­ado, a N&N receberia indenizaçã­o de ¤ 40 milhões (R$ 161 milhões). Como Neymar foi para o Barça em 2013, os espanhóis amortizara­m o empréstimo de ¤ 10 milhões feito dois anos antes e depositara­m, em duas parcelas, os ¤ 30 milhões restantes à N&N.

Como parte do suposto esquema fraudulent­o, segundo o

MPF, foram assinados acordos comerciais entre Neymar, seu pai e o Barcelona. Um deles previa que caberia à N&N assessorar o clube espanhol na observação de jogadores das bases do Santos em troca de ¤ 400 mil anuais (R$ 1, 5 milhão) por cinco temporadas, totalizand­o ¤ 2 milhões (R$ 7,5 milhões). Outro acordo, “de gestão e representa­ção”, repassava à N&N 5% dos rendimento­s pagos pelo Barcelona ao atacante.

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CURTO DE LA TORRE/AFP-14/2/2018 Nova polêmica. Transferên­cia de Neymar para o futebol espanhol, em 2013, é alvo de ação da prefeitura de São Vicente

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