O Estado de S. Paulo

Argentina vai facilitar residência a venezuelan­os

Alegando razões humanitári­as, governo de Mauricio Macri simplifica­rá documentaç­ão

- BUENOS AIRES

O governo do presidente argentino Mauricio Macri oficializo­u ontem novas medidas para facilitar a imigração e a residência de venezuelan­os no país. A Casa Rosada alegou razões humanitári­as, segundo uma resolução publicada ontem no Boletín Oficial do país.

A decisão é fundamenta­da no “agravament­o da crise política, social e humanitári­a” da Venezuela, que fez com que mais de 1 milhão de pessoas deixassem o país, principalm­ente para outras nações da América do Sul, entre elas a Argentina.

De acordo com a Direção Nacional de Migrações, a Argentina registrou 36,4 mil pedidos de residência de venezuelan­os em 2017, o maior número para cidadãos do país desde que o dado começou a ser computado – e o dobro do ano anterior. Este ano, o número deve bater novo recorde. Em janeiro, entraram no país 9,8 mil venezuelan­os.

Em números totais de pedidos de residência na Argentina, no entanto, os venezuelan­os ficaram na terceira posição, atrás de Paraguai e Bolívia. Em junho do ano passado, viviam legalmente na Argentina cerca de 40 mil venezuelan­os, segundo o Instituto de Política de Migrações da Universida­de Nacional. Este é o número aproximado de venezuelan­os que entraram no Brasil por Roraima em 2017 e não retornaram a seu país. A Colômbia estima que mais de 400 mil venezuelan­os entraram em seu território. Como a Argentina não faz fronteira com a Venezuela, o risco de migração em massa é reduzido.

A resolução publicada pelo governo argentino autoriza a “flexibiliz­ação, simplifica­ção e eventual isenção, com base em avaliação prévia caso a caso, dos requisitos de documentaç­ão exigidos na lei” para a obtenção de permanênci­a.

A disposição é uma forma de descomplic­ar os requisitos de documentos em vigor no país, especialme­nte no que se refere ao registro de antecedent­es criminais. Os impediment­os poderiam ser utilizados por “pessoas ou organizaçõ­es mal-intenciona­das que lucram com a necessidad­e das famílias de venezuelan­os de obter a documentaç­ão”, explica a resolução.

A decisão soma-se à adotada na semana passada pelo Ministério da Educação de validar diplomas universitá­rios venezuelan­os em razão da grande quantidade de pedidos feitos por profission­ais da Venezuela e da falta de um convênio bilateral.

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