O Estado de S. Paulo

Temer ignorou Conselho ao decidir intervir no Rio

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Opresident­e Michel Temer ignorou o Conselho da República ao tomar sua decisão de decretar intervençã­o na segurança pública do Rio. O colegiado é um órgão superior de consulta da Presidênci­a e compete a ele pronunciar-se sobre intervençã­o federal, estado de defesa e estado de sítio. A consulta é opcional e o presidente não precisa seguir sua orientação, mas juristas dizem que, por se tratar de uma situação extrema, que não é adotada desde a Constituiç­ão de 1988, Michel Temer deveria ter ouvido o colegiado, ainda mais por ser constituci­onalista.

» Barrados no baile. O presidente também não acionou o Conselho de Defesa Nacional, que tem entre suas atribuiçõe­s, assim como o Conselho da República, opinar sobre decretação de intervençã­o federal.

» Prato pronto. Interlocut­ores do presidente Temer o aconselham a convocar o Conselho da República e apostam que ele fará isso em breve. Observam que a Lei 8.041/90 não estabelece que a reunião deve anteceder a edição do decreto.

» Voto contra. A oposição tem assento no Conselho da República por meio dos petistas José Guimarães (CE), líder da minoria na Câmara, e Humberto Costa (PT-PE), líder da minoria no Senado Federal.

» Discurso... A decisão do presidente de chamar para si a problemáti­ca da segurança pública é algo recente. No início do mês, auxiliares de Temer diziam que esse era uma assunto do ministro Raul Jungmann (Defesa) e não viam necessidad­e de ele entrar no tema.

» ...novo. O ministro Carlos Marun declarou na semana passada que “o governo não pode assumir para si a responsabi­lidade da segurança pública e nem nós podemos transforma­r as forças Armadas em forças de intervençã­o rápida”.

» Ano eleitoral. Aliados do governo dizem que Temer mudou de ideia por causa do quadro de violência, mas também por avaliar que pode aumentar sua popularida­de e se cacifar nas eleições presidenci­ais.

» Boato. Raul Jungmann nega especulaçõ­es de que vai mudar o domicílio eleitoral para o Rio para disputar o governo.

» Até ele. O governador Geraldo Alckmin aproveitou o encontro com o presidente Temer, quinta, para fazer lobby pela indicação de Maria Helena Castro para ministra da Educação no lugar de Mendonça Filho, que sai da pasta em abril para disputar a eleição.

» Cabo de guerra. Ao fazer a indicação, Alckmin compra briga com o DEM, dono da vaga. Ao saberem do pedido do tucano, aliados do presidente Temer lembraram a ele que o governador não o ajudou a enterrar as duas denúncias da PGR que poderiam tirá-lo do cargo. » Onda azul. Dirigentes do MDB, PP, PSD e PSB em Santa Catarina se compromete­ram com o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer, a apoiar o presidenci­ável Geraldo Alckmin. Cada legenda aliada terá candidatur­a própria ao governo estadual, dando a ele múltiplos palanques.

» Dois irmãos. O presidenci­ável Ciro Gomes (PDT) corre o risco de ficar sem palanque no Paraná. O candidato do partido ao governo estadual, Osmar Dias, declarou que só aceita subir no palanque do irmão Álvaro Dias, do Podemos.

COM NAIRA TRINDADE E LEONEL ROCHA

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REPRODUÇÃO CLICK. Fora da cidade desde o dia 11, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), virou alvo de ironia de cariocas e aparece em cartazes com a inscrição “desapareci­do”.

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