Ex-vendedor de cachorro-quente é chefe da indústria da difamação
Apesar da origem pobre, Yevgeny Prigozhin tornou-se um dos homens mais ricos da Rússia. Como parte do pequeno clube de personagens leais ao presidente Vladimir Putin, ele recebeu contratos vantajosos do governo em troca de serviços obscuros realizados para o Kremlin.
Prigozhin, de 56 anos, é acusado de comandar uma entidade que financiou uma indústria de difamações online. Ele nega tudo. Seus críticos, no entanto, garantem que ele é uma espécie de faz-tudo de Putin, encarregado de missões como o recrutamento de mercenários para lutar na Ucrânia e na Síria. “Ele não tem medo do trabalho sujo”, diz Lyubov Sobol, da Fundação Anticorrupção, organização criada pelo líder da oposição russa, Alexei Navalni.
A especialidade de Prigozhin – difundir mentiras – é usada para atacar líderes da oposição e ampliar as divisões sociais no Ocidente. Quando montou sua agência de difamação online, em 2013, sua missão era inundar as mídias sociais com artigos e comentários que pintavam a Rússia de Putin como estável e confortável em comparação com o Ocidente, caótico e corrupto.
Nascido em 1961, em Leningrado – hoje São Petersburgo –, Prigozhin era um jovem campeão de esqui que trocou o esporte pela cadeia. Em 1981, ele foi condenado por roubo e outros crimes. Após sair da prisão, nove anos depois, além de vender cachorro-quente, dirigiu uma rede de lojas de conveniência e foi dono de restaurantes de luxo em São Petersburgo. Um dia, Putin apareceu em um deles, carregando líderes mundiais. Em seu restaurante, ele recebeu o francês Jacques Chirac, em 2001, e o americano George W. Bush, em 2002. Putin comemorou seu aniversário lá, em 2003. Rapidamente, Prigozhin atraiu a atenção do presidente russo e mudou de patamar.