O Estado de S. Paulo

Oposição critica medida e vê desvio de foco

Parlamenta­res defendem veto ao decreto; Rede afirma que ação desvia atenção de crise dentro da Polícia Federal

- BRASÍLIA /D.C., I.G., I.P., J.L. e R.T.

Pelo menos dois partidos da oposição – PT e PSOL – devem votar contra o texto do decreto de intervençã­o da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e outros tendem a ficar divididos. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), anunciou que essa será a posição do partido. “Nossa opinião e nossa orientação para as bancadas será no sentido de que o PT votará contra esse decreto.”

De maneira geral, os oposicioni­stas afirmaram que a intervençã­o foi medida tomada para criar uma “cortina de fumaça” e desviar o foco de possível derrota na votação da reforma da Previdênci­a, que estava prevista para a próxima semana. “O governo tenta usar a intervençã­o como uma grande chantagem, como uma tentativa de tirar do seu colo o problema de não ter conseguido votos suficiente­s para aprovar a reforma da Previdênci­a”, disse o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), que orientará voto contrário.

No PSB, o líder Júlio Delgado (MG) admitiu que será difícil a bancada votar contra o decreto, diante da situação do Rio. Ele, no entanto, criticou o momento que a intervençã­o foi anunciada. “A gente sabe que não existe coincidênc­ia política. Cheira muito mal. A crise no Rio não começou ontem.”

Oposicioni­sta, o senador Randolfe Rodrigues (AP), da Rede, afirmou que votará favoravelm­ente à intervençã­o por causa da calamidade na segurança fluminense, mas ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso o governo suspenda o decreto para votar a reforma da Previdênci­a, como já sugeriu o presidente Michel Temer. Para ele, a suspensão seria um “acinte” à Constituiç­ão. “Com a Constituiç­ão não se dá jeitinho. O decreto tem seu começo e seu fim, não existe suspensão de decreto, não existe essa modalidade”, afirmou.

O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) disse que deve votar a favor do decreto, porque o problema de inseguranç­a no Rio precisa ser resolvido com urgência. “É necessário que algo seja feito e a Constituiç­ão tem essa previsão (de intervençã­o). As Forças Armadas já atuam no Estado e o resultado ainda não foi esperado’’, afirmou.

No entanto, Teixeira fez uma ressalva: “Observo com certa desconfian­ça a intervençã­o, porque a medida pode ser uma cortina de fumaça na derrota da reforma da Previdênci­a. A medida também tenta desviar a atenção da recente crise gerada na Polícia Federal’’.

Isolado. Na base do governo, o único a se queixar foi deputado Pedro Paulo (MDB-RJ), aliado do ex-prefeito Eduardo Paes (MDB) e candidato a prefeito derrotado em 2016: “Foi uma surpresa. Desconheço na história uma intervençã­o que tenha provocado mudanças estruturan­tes, em geral são ganhos temporário­s que não enfrentam problemas mais profundos’’.

 ?? ANDRE DUSEK/ESTADAO-14/12/2017 ?? Tensão. Votação do decreto deve ter debates acalorados
ANDRE DUSEK/ESTADAO-14/12/2017 Tensão. Votação do decreto deve ter debates acalorados

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil