O Estado de S. Paulo

Segurança vai para o centro do debate eleitoral

Presidenci­áveis divergem sobre necessidad­e da medida e propõem desde criação de ministério­s à liberação do armamento da população

- Adriana Ferraz Gilberto Amendola Ricardo Galhardo

O debate sobre Segurança Pública no País está no centro do debate eleitoral. A escalada da violência, registrada por quase todos os Estados brasileiro­s e não só no Rio, levou os pré-candidatos a defenderem como prioridade zero o combate ao crime. As propostas vão desde a criação de ministério e agência de segurança, ao aumento dos recursos e o armamento da população.

O deputado fluminense Jair Bolsonaro (PSC), que é contra a intervençã­o, defende o fim do estatuto do desarmamen­to e a mudanças na lei de migração. Sobre a intervençã­o, declarou ao Antagonist­a: “É uma intervençã­o decidida dentro de um gabinete, sem discussão com as Forças Armadas. Nosso lado não está satisfeito. Estamos aqui para servir à pátria, não para servir esse bando de vagabundos”.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), usa em seu discurso a taxa do homicídio

Odo Estado, de 8,02 por 100 mil habitantes, como trunfo. É a menor entre os entes da federação. Ele propõe ainda criar uma agência nacional de inteligênc­ia, ligada diretament­e ao presidente da República com foco no combate ao tráfico de armas, de drogas e lavagem de dinheiro e um ministério para área. “Tirar bandido da rua, ao contrário do que muita gente fala, dá sim resultado”. O tucano declarou ontem que a intervençã­o no Rio foi uma medida “extrema, mas necessária”.

Presidenci­ável do Podemos, Álvaro Dias (PR) considerou a intervençã­o no Rio uma atitude “lamentável”, mas que tem que ser apoiada. “Mas que não seja uma obra de marketing, que não seja uma encenação de natureza política.” O senador disse que sua proposta para a área é a uma reforma de Estado que permita destinar recursos para o combate da violência.

Jogo político. O PT, o PCdoB e o PSOL acreditam que a medida é “política” e está sendo usada como uma cortina de fumaça para a reforma da Previdênci­a. O ex-ministro da Justiça Tarso Genro, um dos formulador­es petistas para a área, diz que a saída passa pela reconstruç­ão do Pronasci, que previa, entre outras coisas, a criação das UPPs que, segundo Tarso, tiveram a finalidade desvirtuad­a.

A pré-candidata do partido à Presidênci­a, Manuela D’Ávila propõe a criação de um fundo nacional para segurança. Já o líder do MTST, Guilherme Boulos (PSOL) critica: “A solução para a violência não é militariza­r mais. Nos preocupa muito o que vai acontecer nas comunidade­s”.

O ex-governador Ciro Gomes (PDT), disse que a “motivação é mesquinha e politiquei­ra”, “mas correspond­e a súplica da sociedade”. Ele elogiou ainda as Forças Armadas. Marina Silva, da Rede, afirmou que a incapacida­de administra­tiva levou a atual situação: “A intervençã­o reflete a inação de sucessivos governos que negligenci­aram a segurança deixando apenas para os Estados a responsabi­lidade”.

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