O Estado de S. Paulo

DESAFIO É SER O NOVO MESSI

Garoto joga à sombra do craque na seleção

- Gonçalo Junior

Paulo Dybala começou a ser chamado de “Joia” em 2011, quando bateu todos os recordes da história do modesto Instituto de Córdoba, na segunda divisão do futebol argentino. Foi o único a fazer dois tripletes (três gols no mesmo jogo) na mesma temporada e o primeiro a balançar as redes em seis partidas consecutiv­as. O menino de 17 para 18 anos festejou o gol de número 1.000 da história do clube e se tornou o goleador mais jovem da equipe em torneios oficiais, superando o lendário Mario Kempes, da Copa de 78. Tudo isso justificou sua venda ao Palermo, da Itália, por ¤ 12 milhões (R$ 48,1 milhões).

Ele fez o caminho inverso de seu avô, Boleslaw Dybala, que havia deixado a Europa no pós-guerra (193945) para tentar a vida em Córdoba.

Dybala precisou de três temporadas para encher a família de orgulho. Foi destaque do campeão da Série B italiana. A ascensão meteórica o levou para a Juventus (2015) por ¤ 32 milhões (R$ 128 milhões).

Em dois anos em Turim, ele ofuscou a saída de Tevez e renovou contrato até 2022. Dybala passou a ganhar ¤ 7 milhões (R$ 23,3 milhões) por temporada, valor igual ao do jogador mais bem pago do clube, o também argentino Gonzalo Higuaín. O garoto ganhou a camisa 10 da Juventus, usada por lendas como Michel Platini, Roberto Baggio e Alessandro Del Piero.

O fim da temporada passada, no entanto, marcou o início de uma fase descendent­e do meia. Ele foi a grande decepção da última decisão da Liga dos Campeões, quando os italianos perderam para o Real Madrid por 4 a 1. Não fez nada. Deixou de ser intocável no clube italiano e passou a ocupar o banco de reservas em vários jogos. O técnico Massimilia­no Allegri justificou sua decisão dizendo que “correr não é essencial, mas ajuda”. A situação piorou por causa de lesão muscular que o afastou dos gramados no mês de janeiro.

Na Argentina, Dybala mexeu num vespeiro ao declarar que era difícil jogar ao lado de Messi. “Vai parecer estranho o que vou dizer. É um pouco difícil jogar com Messi na Argentina, porque jogamos na mesma posição. Sou eu que devo me adaptar a ele e fazê-lo se sentir bem no gramado”, disse Dybala.

O diário argentino Olé estampou a manchete “Sincericíd­io” para ilustrar o peso de suas palavras, mistura de sinceridad­e com suicídio. Foi vítima de memes e chiadeira. A declaração soou como reclamação. Contra Messi e o técnico Sampaoli. Por isso, o treinador deixou o menino na geladeira. Ele não entrou por um minuto sequer contra Peru e Equador, quando a Argentina finalmente conseguiu classifica­ção.

Dybala estreou pela seleção principal diante do Paraguai, nas Eliminatór­ias para a Copa no Brasil. Até agora soma 11 jogos, mas nenhum gol. A Copa da Rússia será o momento de provar que pode jogar ao lado de Messi. E, no futuro, candidatar-se a substituir a lenda argentina.

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Geladeira. Dybala foi barrado por dizer que é difícil jogar com Messi

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